sábado, 24 de outubro de 2015

MENINO É O PAI DO HOMEM DE AMANHÃ (VOLUME I)

Acabo de receber dois vídeos de meu netinho Lucas, que mora com os pais, em São Francisco. O primeiro, enviado pelo meu genro, Justin. E o outro, por minha filha, Germana. Justin me encaminha de São Francisco. Germana, de São Paulo, cidade em que se encontra, a serviço da empresa em que trabalha.


Vejo e revejo repetidamente esses vídeos. Coisa de avô saudoso, que procura matar um pouco a saudade dos seus netinhos distantes, vendo fotos e vídeos que chegam todos os dias ou quase todos os dias, aqui, na longínqua “Cidade de Simôa”. É a maneira que tenho para acompanhar o crescimento desses nossos descendentes, ausentes que estão por conta do destino a que nos impõe a vida. 


Lauro Müller dizia que “Avô é pai sem exigências. E avó, mãe com açúcar”. E tudo pelo apego deles a seus netinhos. Sem exigências. Com açúcar. Apego, sem embargo, evidentemente, do apego que têm, prioritariamente, seus pais, mas, certamente com exigências e com pouco açúcar ou quase nenhum. Mas com muito amor. Igual ou superior ao dos avós.    


Começo a imaginar como era, no passado, a vida dos avós, distantes de seus netinhos. Como eles os acompanhavam em seus dias a dia. Seus crescimentos, desenvolvimento. Devia ser muito sofrida, dura... a vida daqueles avós. Como suportavam a angústia pelas notícias? Mais que notícia: por alguma foto que lhes desse a ideia de como andavam os seus netinhos. Os seus “mais que filhos”. Os seus “filhos ao dobro”. 

Hoje, na nossa era digital... Que maravilha! Até em tempo real, temos tudo às mãos. Na hora. Aí o nosso consolo. Aí, sim! A nossa alegria. 

Apesar de não tocá-los... Apesar de não abraçá-los... Apesar de não beijá-los...  A alegria de estarmos vendo-os, e até falando com eles pelos recursos que as redes sociais nos oferecem é tamanha e incomensurável.

Outro dia, disse a um amigo: “Deveríamos dar um prêmio àquele pessoal do Vale do Silício que inventou as redes sociais. As redes e seus progressos. Seus derivados. Seus avanços. Que não param. E dizia como se o homem já não o houvesse feito. Ora! Ora! Já não houvesse consagrado todos esses gênios desses magníficos e incomensuráveis inventos”.    

Netos são presentes que Deus nos confere, renovando presentes de lá de trás: nossos filhos. Netos são como se a gente pudesse avocar a vida a cada instante das nossas vidas. Eles têm um verdadeiro poder restaurador em nossas vidas. Conduzem-nos para bem atrás do que hoje somos. Leva-nos à nossa adolescência. À nossa infância. Mais fortemente até quando não os vemos no cotidiano. Quando não temos uma vida em comum. Todavia, intermitente. Conquanto distantes por desígnios da vida. Essa, a realidade minha e de Emília, longínquos deles.

No que pese, temos em mente o que o poeta dizia: “O menino é o pai do homem”. E cremos deveras nessa acertiva. E, por isso, torcemos por uma boa educação e por uma sadia orientação de nossos netos. Como - pensamos - procuramos dar aos nossos filhos, pais de nossos netos. E por mais que saibamos que isso vem acontecendo, sem exigências e com açúcar, embora de longe, queremos conferir tudo. Absolutamente tudo. Ou quase tudo.

De repente, enquanto alinho essas linhas, Emília, que está no Recife, partiu hoje, cedinho, para matar a saudade de nossos netinhos que vivem por lá, me liga e diz: “Eu, Guilherme e Gabriela jantamos juntos. E Gabi ficou para domir comigo”. Que ciúme! 

Fiquei com uma pontinha de ciúme, malgrado os versos de Shakespeare na minha cabeça a dizer: “Meu Senhor, livrai-vos do ciúme!” E por mais que digamos que não o temos, essa é a hora em que nos traímos. E ei-lo em nós.  



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MEU QUERIDO LAR FAZ 100 ANOS (VOLUME I)


Estive presente à solenidade de lançamento da Programação do Centenário do “Templo Sagrado de Luz e Saber”.

Confesso que fiquei emocionado ao cantar, com os presentes, o Hino do “Querido Lar”.


É que, de repente, voltei ao ano de 1965 quando, presidente do Diretório Estudantil do “Gigante da Praça da Bandeira”, eu participava, enquanto aluno, do desfile de 12 de outubro de seu cinquentenário.


De repente, ainda, veio-me a lembrança de um colega meu da velha Faculdade de Direito do Recife, José Paulo Cavalcanti Filho, autor de uma obra magistral, singular e densa sobre Fernando Pessoa. Que Zé Paulinho, no seu esforço literário, intitulou-a de “Fernando Pessoa - uma quase autobiografia”. E parece mesmo, tamanho o empenho dele em traduzir, com exatidão e riqueza, a vida do grande poeta português.  Na obra, numa passagem, ele se refere a Miguel Torga, que foi apanhador de café dos 12 aos 25 anos. Que escreveria, mais tarde, lembrando aquele passado:

“Há quanto tempo já te deixei
Cais do lado de lá do meu destino.

Os versos de Miguel martelavam a minha cabeça. Era como se eu os tivesse escrito. E eu os pronunciava baixinho, na medida em que adentrava àquelas portas, pensando nos bons tempos de minha adolescência. Que não voltam mais.

De repente, toda uma vida pregressa me vem à mente. Os meus anos na Escola de Dona Dulcina Coelho, lá, na Avenida Santo Antônio, hoje, Shopping Center Brasil. Criança, ainda, no aprendizado das primeiras letras. Depois, lá, na Escola de Dona Geraldina Miranda, na antiga Rua do Recife, Dr. José Mariano, hoje. No “pulo do gato”, que dei ao enfrentar o exame de admissão ao Ginásio, à revelia de Dona Geraldina - cursava eu o terceiro ano primário. A minha aprovação no exame ao Ginásio, e o meu entusiasmo por estar entrando, como aluno, no “Gigante da Praça da Bandeira”.

Do Ginásio, histórias infinitas a contar. As aulas de educação moral e cívica, formadoras de cidadãos, do Mons. Adelmar da Mota Valença - mais tarde, o Tio Padre, como o chamava em família. Dos desfiles, que não perdia, dos dias 7 de setembro e 12 de outubro, este em homenagem ao aniversário do Colégio. Dos colegas dos cursos ginasial e clássico que tive - muitos que se foram, já faz algum tempo, de forma precoce. Da formação de meu caráter. Do despertar do meu espírito público, que muito me honra, e muito me orgulha. De minha participação nos embates políticos, de forma destemida, solidária, corajosa e franca. Tudo, eu, ainda muito jovem. E à espera da maioridade para poder votar.  
Ah! Como me lembro daqueles tempos! A eles devo tudo o que sou hoje. Deles, peço sempre a Deus nunca me afastar. 
Da solenidade de lançamento da programação do Centenário do “Querido Lar” e da Missa de Ação de Graças pelos 100 anos de sua fundação, confesso que saí de lá em estado de graças. Pela profundeza das recordações. Pelo reencontro com muitos... Muitos amigos. 
   
Disse a mim mesmo: “Vou cumprir toda a programação desse centenário, ou quase toda, pensei, devido às minhas múltiplas atividades.” E o fiz ou estou fazendo. Presente a todos os eventos ou quase todos eles. Feliz e distinguido. Distinguido pelo Senhor. Sim, porque, aqui, estive nos festejos de seu cinquentenário, e jamais imaginei que estaria nos festejos de seu centenário. E aqui estou. Maiúsculo. Saudável. Forte. Cheio de saúde. E sentindo aquelas mesmas emoções que sentia, lá atrás. Cinquenta anos passados. Ah! Meu Deus! Muito obrigado! A Sua bondade é infinita. A Sua bondade que me motiva ao trabalho. Trabalho que me gera prazer. Prazer que faz crescer minhas amizades com tantos e tantas. Amizades que renovam meu desejo de servir cada vez mais. Inclusive à minha cidade. Cidade em que recebi o meu batismo, na minha querida Igreja de São Sebastião da Boa Vista. Cidade em que aprendi as primeiras letras. Cidade que me viu criança, pré-adolescente e adolescente. Cidade em que vi meus filhos crescerem e se educarem. E que ainda hoje, me acolhe e acolherá até meu último suspiro. 

Chega perto o dia 12, quando teremos a nossa Missa de Ação de Graças pelo nosso nascimento. Nascimento do Ginásio de Garanhuns, nosso eterno Ginásio. Antes, contudo, no dia 11, estaremos todos pelas ruas e avenidas da cidade, orgulhosamente, dizendo de nosso amor pelo “Gigante da Praça da Bandeira”, na certeza de que o nosso orgulho se confunde com o orgulho da população de Garanhuns. Sim, porque feliz e orgulhosa é a cidade que tem um educandário como o Colégio Diocesano de Garanhuns.