quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

BELA NOITE DE CONFRARIA (VOLUME I)


Estava, aqui, já a essas horas da noite. Madrugada de um novo dia, imaginando, pensando, lendo... Imaginando o inimaginável, pensando o impensável, num exercício mental espetacular ou quase espetacular... Apesar do real da história que tenho em mãos. E que, vorazmente, a folheio, sem embargo dos destaques que faço de forma cuidadosa e sistemática. 

Na memória, a conversa que tivemos, horas atrás, com amigos. Conversa boa. Muito boa! Que estimo que outras se sucedam. Aqui, em Garanhuns. Lá, em Recife, alhures... Não importa! Importam as conversas. Boas! Maduras! 

Um amigo querido, delas, saiu encantado. Seu semblante e sua expressão o denunciavam. Semblante e expressão de quem queria mais e mais... E ele o quer. Quer voltar àquelas conversas que, a cada palavra, a cada sentença, encerre impressão de satisfação. De regozijo e conforto. De quem quer mais e mais. Pela pertinência dos assuntos. Pelo foco de seus argumentos. Pelo nível de sua inteligência... Enfim, pela disciplina e respeito a todos. 

Saí do encontro com meu amigo querido, já que nele chegamos juntos, deveras animado com a perspectiva de outros e mais outros de igual modelo. E rogando a mim mesmo por eles, num porvir próximo. Tão próximo desse que dele ainda se registre saudade. Muita saudade! 


Bela noite nós tivemos, ontem. Com amigos que nos fizeram lembrar François D'Amboise, citado, certa vez, pelo grande Afonso Arinos de Melo Franco: “Fazer amigos não é tudo. É mister conservá-los”. E pensado que François tivera escrito essas palavras para mim, disse aos meus botões: “Que bom ter conversado com tantos amigos dos meus tempos de criança. Pré-adolescente. Adolescente. Hoje, já homem maduro, reunindo ainda tantos amigos. E mais: tendo-os perto de mim.” Que outros encontros venham. E logo!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A DENTISTA (VOLUME I)

Logo cedo, às 06 horas da manhã, no Café Columinho do Palace. 

De repente, dois amigos chegam para me acompanhar. E por lá ficamos ouvindo as novas da cidade, que promove a III Edição do seu Natal Luz. E o assunto, puxado à mesa, descamba para o Natal Luz, que Garanhuns promove. Eles encantados com o que viram em nossa cidade, certamente sem precedente em nossos Natais. Em beleza. Em programa. Também em extensão. Para atrair mais visitantes. Eles, que geram emprego e renda aos seus destinos turísticos. 

É Garanhuns se encontrando. Querendo exercitar sua vocação. De receber. De acolher. De recepcionar... milhares que nela aportam a procura de seu merecido lazer. 

“Mas nem concluímos a nossa conversa de ontem”, exclamaram outros amigos que acabavam de chegar, e com quem jantara, na noite de ontem, e me viram correndo à dentista, mal terminado o jantar. A eles disse que tive de sair às pressas, mas não, antes, de dizer a todos que voltaria logo. “A gente precisa atualizar nossas conversas e ouvir as últimas da cidade. Perdoem-me! Não deu. E não daria para ficar com dor de dente com vocês.”


Na dentista, ontem, fui atendido de urgência. E, por lá fiquei durante quase três horas em inesperada cirurgia. A dentista murmurou: “É bronca! As raízes trincaram. São duas para um bloco com três elementos. É que, com a reabilitação oral, você passou a mastigar, confortavelmente, pelos lados direito e esquerdo. Aí, as raízes do lado esquerdo não suportaram a carga”. 

Deu trabalho. Muita anestesia. Muita dor...

Suava muito numa sala gelada. E eu com calor. E a dentista parecia também sofrer comigo. Afinal, o dia todo naquela pisada. Pobre dentista. Não sei como suporta atender a tantos clientes. E, por cima, muitos deles tensos. Também medrosos. Dengosos... 

Foi uma emergência em que ela teve de tirar uma série de radiografias, e falava com um colega no Recife para providenciar um provisório, que ela pede para segunda-feira, já que ela entra em recesso na terça. 

Mas, deu tudo certo. Quando ela conseguiu puxar o bloco com as raízes... Que alívio!

Tomei, na hora, um coquetel dos mesmos antibióticos que passara das outras vezes em que fui cirurgiado. E continuarei a tomá-lo a cada oito horas. Durante os dias seguintes. 

Agora, em casa, de repouso, escrevo essas linhas sobre a noite de ontem. Nesse começo do dia de hoje. Mas evitando pensar naquela cadeira gostosa da minha dentista. Que apesar de ter mandado a tormenta de minha dor para longe, fez-me suar muito enquanto a dor sumia. Mas não amanheci inchado. Estou bem. E também confortável!

Viva a dentista! 

A gente só dá viva aos nossos médicos e dentistas quando os incômodos que nos atormentam vão embora. Penso, lembrando-me de uma mestra que tive. A ela, disse: “Quero mudar de turma. Quero sair do curso clássico para o curso científico.” Ela, assustada, me perguntou do por quê? Do... “Quero ser médico, professora. Desisti de ser advogado.” Ao que ela me replicou: “Volte para a sua sala de aula. Não está vendo que você não tem cara de médico?” Acertou em cheio. Devo isso a ela.