domingo, 20 de dezembro de 2015

É O NATAL LUZ! É O ANO NOVO! É O JAZZ FESTIVAL! (VOLUME I)




Acordo. Ainda é madrugada. Percebo que só um dos meus olhos a aprecia. O outro parece pedir mais um pouco de repouso. Até por minhas compulsivas leituras, noites adentro. Pede o outro, mais um pouco de deleite. Só o outro? Só um deles?

No que pese a isso tudo, levanto com a ideia fixa de que tenho que partir à luta. E feliz da vida por sentir avanços. Avanços, apesar de tudo... Apesar dos pesares... Digo a mim mesmo: hei de vencê-los com as armas de que disponho e que Deus me deu: meu entusiasmo pelo trabalho, a que chamo de minha terapia. Meu êxtase. Talvez, únicos. Que agradeço ao Senhor, sem reclamações que nunca me ocorrem. 
Afinal, para que lamentar-me? Tenho sim, muita reverência a Ele. E com muita fé no amanhã. Milagre divino. Sempre renovado. Quem viver verá.

Levanto-me, e vejo que a cidade amanhecera coberta de névoa. Cinzenta. E, já desperto, de olhos bem abertos, lembro-me que já é dezembro. Que estamos vivendo a beleza do “Natal Luz” da cidade. Que não pretende ser o maior do planeta, mas que lutará com a força de cada garanhuense para ser, um dia, o maior do Brasil.

Já no escritório, cuido das minhas tarefas.  Chega a noite. E, com ela, a garoa que vai virar a madrugada. 

Bate-me, de repente, lembranças de anos passados. Ocorrem-me: fora à Igreja. À Matriz de Santo Antônio. E, nela, o nome: Matriz. Este é o nome, digo, que dará azo a outro nome: Matriz Center. Em gestação. Em obras. Reverência a ela: Matriz. Matriz de Santo Antônio. 

Hoje, volto à mesma Matriz: a Matriz de Santo Antônio. Faço minhas orações. E, de coração leve, parto... Parto para conferir a grandeza da magia de minha cidade. Não, sem antes me lembrar de suas missas aos domingos, estas celebradas pelo Monsenhor Tarcísio Falcão, que também fora meu professor. E, também, para dar uma olhadinha a outro local de igual importância, denominado matriz: Matriz Center. Este por mim entregue à minha cidade em 1987. Aquela, por nossa Igreja, no já distante 1859.    

Vivemos o mês de dezembro, e a cidade continua frienta como se vivesse o mês de julho. Como se estivesse ainda a saudar o seu inverno. 

Lembro-me de palavras expostas em parede do Palace: “A cor de chumbo das nuvens dos meses de maio, junho e julho parece que se repete nessa madrugada de dezembro, e de outras, indicando colidir com os tímidos raios solares, que apontam à crença de emanarem de mãos divinas, sendo lançados sobre minha cidade” - escrevera-me, outro dia, um amigo que prezo, deixando meu espírito nas nuvens e tomado de satisfação. 

Os pardais, com suas asas molhadas, cortavam o céu no início dessa manhã e da maioria dessas manhãs desses dias de dezembro como se quisessem anunciar o nascer de um dia esplendoroso, que só veio, e que só vieram bem mais tarde. Por esses dias de dezembro, tamanhas as trovoadas que desabaram dos céus divinos que, de repente, tive a sensação que estivéssemos vivendo dias de nossos invernos.

Pensei ainda: “É o Natal que se aproxima, e as chuvas dessa madrugada estão a saudar a proximidade do nascimento do menino Jesus. É o Natal que se aproxima... Que ainda se aproxima, e nós já estamos a saudá-lo com uma programação que aponta para o que serão os Natais que hão de vir em nossa cidade”. Natal e Ano Novo. Ano Novo e Jazz Festival. Este que se sagrou... Este que se notabilizou... Como a cara de Garanhuns. Pela ousadia de sua gente. Pela coragem de seu povo. De transformar o tríduo momesco em um grande Festival. 


Em mais um Festival de Garanhuns. Da terra “Onde o Nordeste Garoa”, como disse o poeta. Ou da “Cidade dos Festivais”, como diz a paixão garanhuense. Que recebe milhares de turistas de todo esse Nordeste, que vibram com Garanhuns porque o Jazz diz alto, lá fora, que no Nordeste não só existe seca, fome, miséria... Mas que aqui existem também clima, cultura, atmosfera... E apaixonados pelo que há de melhor em manifestações culturais no mundo. Que Garanhuns, no tríduo, se transforma na capital internacional do Jazz, fazendo lembrar àqueles que para aqui acorrem, o mundo artístico-cultural de cidades como Nova Orleans, Chicago e Nova York, nos Estados Unidos.  

De repente, por conta das trovoadas, a destempo, a cidade fica sem internet.  Serão as chuvas de dezembro, querendo anunciar que, em pouco tempo, chega o nascimento de Jesus Cristo? Sim, o Natal? 

Penso de novo: “Como eram nossas conversas, lá atrás, sem essa maravilha... Sem esse milagre... Ou quase milagre humano, chamado internet?”


Imagino que por isso nasciam tantos.  Hoje,  poucos. Como ou quase como na China. E, quando nascem, os anos já decorreram.

Não. É Natal. E com ele, já, já, o Novo Ano. E... Ato, quase contínuo, o Garanhuns Jazz Festival. 

Salve Garanhuns! Por isso que não quero nunca sair de minha cidade. Porque ela é valente. Ousada. Ambiciosa... Porque ela tem foco. Diria, até, focos... Que a alimentam. E que lhe apontam para o futuro. 

Meu Deus! Tenho que ir trabalhar...  Apesar de ser Natal. Apesar de ser Ano Novo. Apesar do Jazz que se aproxima.

Tenho que ir trabalhar. Tenho que ir ajudar a receber como reis e rainhas, no mínimo como príncipes e princesas regentes, àqueles e àquelas que chegam à cidade. Já estou com os dois olhos bem abertos... Mas sem internet? Como hei? Mas vou. Pelo menos trabalho com o milagre da vida. E esta foi Deus que me deu. E só Ele pode me tirar. Só Ele!

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