terça-feira, 27 de junho de 2017

100 ANOS DE LEONISMO (VOLUME I)

Acabo de receber notícias de companheiros e amigos de Alagoas sobre o centenário do Lions Clubes Internacional, e sobre a caravana que aquele querido Estado prepara para embarcar rumo a Chicago, representando o Distrito que se compõe, além daquele Estado, dos Estados de Pernambuco e Sergipe. Devo estar recebendo, por esses dias, as mesmas notícias dos caravaneiros destes dois Estados. 

Confesso que fiquei “com água na boca”. Durante algum tempo, eu e Emília ficamos a fazer planos sobre como seria a nossa segunda estada em Chicago, cidade do Estado americano de Illinois, que conhecemos em 2004, e por lá ficamos durante quase toda uma semana. De lá, voamos para São Francisco, na Califórnia, cidade em que moravam nossos filhos, mas, não antes de fazermos a nossa procissão de fé, em plena Avenida Michigan, e reiterada à beira do fabuloso lago que leva o mesmo nome, no sentido de que, lá, estaríamos de volta, em 2017, no centenário do Leonismo. Que ocorre durante todo esse ano.

Aos companheiros e amigos do nosso Distrito de Lions, não poderia deixar de abraçá-los, efusivamente, e desejar-lhes uma excelente estada naquela maravilhosa cidade que, tenho certeza, irá ocorrer. 

Chicago cresce mais e mais em maravilha aos olhos dos Leões de todo o planeta, conquanto berço de nascimento e altar de Lions Clubes Internacional para todo o mundo. Bem disse Winston Churchill: “O Leonismo não é a melhor ideia da época atual. É a ideia mais brilhante de todos os tempos.” Não é em vão que hoje somos um exército de 1,4 milhão de homens e mulheres em todo o mundo, fazendo o bem junto a um irmão. Não é em vão que temos em nossos quadros ex-presidentes dos EUA, como Jimmy Carter e Gerald Ford. Não é em vão que pessoas como Hellen Keller, Edmund Hillary, Michele Obama ... aplaudem o Lions e seu imenso exército de voluntários. Não é em vão que tivemos ex-presidentes como Harry Truman, dos EUA, e Juscelino Kubitschek, do Brasil, também fazendo o bem em nome do Leonismo. Não é em vão que a Organização das Nações Unidas (ONU) tem o Lions Clubes Internacional como a ONG mais respeitada e séria do mundo. Não é em vão...

Ainda, recentemente, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco prestou homenagem ao Lions, tendo o presidente da mesa, deputado Antônio Moraes, assim se referido em seu discurso: “Hoje, o que se percebe é que iniciativas como essas têm vida curta - alguns anos apenas. No entanto, estamos aqui, para homenagear os 100 anos do Lions. Que presta serviços humanitários em todo o mundo, envolvendo tantos e tantas, sempre de forma exitosa. E o Lions, embora já longevo - estamos a exato um século de sua fundação - o faz como se tivesse nascido ontem.”   
Uma entidade como o Lions, que fecha os seus 100 anos de serviços prestados à humanidade como se tivera sido fundada ontem. Claro que passou por reinvenções, reciclagens ao longo desses anos todos. O seu foco, no entanto, é que permaneceu intocado: serviços aos que deles precisam. E isso vai ao encontro do que dizia o seu fundador, Melvin Jones, ainda naquele distante 1917: “Você não pode ir muito longe enquanto não começar a fazer algo pelo próximo.”


“Mas que serviços são esses que o Lions presta tanto à humanidade?” - questionou-me, outro dia, um amigo, ouvindo-me falar do Lions. “São tantos, mas ainda muito poucos diante dos serviços que carecemos prestar a tantos!” - respondi. E mais, disse eu: “Imagine se não existissem entidades como o Lions, com esse objetivo e com essa preocupação. Como seria a vida desses milhões em todo o mundo? Vou relacionar alguns poucos: os intercâmbios juvenis, programa que o Lions banca desde 1960, quando de sua implantação no Japão; o nosso alerta permanente à paz no mundo. O Lions presente na liderança, sobretudo chamando a atenção do mundo para o dia mundial da paz - 24 de janeiro; a questão da criança de rua, chaga mundial, que o Lions encara com disposição; o meio ambiente. Também preocupação do Leonismo em nosso país e em todo o planeta; o problema das drogas, que merece a atenção de todos. O Lions faz vanguarda nessa área, igualmente. Enfim, onde estão os problemas que afligem a humanidade, eles, em todo o mundo, contam com a mão estendida e amiga de Lions Clubes Internacional”.  

Como bem disse certo jurista e sociólogo alemão: “O limite de nosso mundo é o limite da nossa inteligência.” E o Lions vai a esse limite, através de seu exército de voluntários de mais de 1,4 milhão homens e mulheres na sua luta contra a cegueira no mundo. De igual maneira, na sua luta contra a surdez. 

Esse é o Lions. E dele temos muito orgulho. Os nossos serviços voluntários, enche-nos de gratificação. 

sábado, 24 de junho de 2017

MEU SÃO JOÃO (VOLUME I)

Nesse São João, número mínimo de turistas em nossa cidade. Cidade quase deserta ou vazia. Triste! Muito triste. Horrível! Para a economia de uma cidade que quer ser turística.  


A sensação que tenho é que estamos fora dos destinos juninos do nosso estado e dos estados vizinhos. Essa, lamentavelmente, fora a realidade desses festejos em nossa cidade neste ano. 

Teimoso, procurei passear pela cidade. Por toda ou quase toda a cidade. No que pese a onda de assaltos que dizem estar acontecendo em seus bairros. Mas fui. Queria conferir para poder escrever estas linhas que jamais imaginava com igual pesar no coração. Não acreditava no que me diziam. Nem fogueiras eu vi no meu passeio... E se as vi foram em número tão desprezível a que custo acreditar e, me acanho de registrar.  

E assim tem sido desde anos anteriores. A cada ano, os festejos juninos da nossa cidade morrem mais um pouco. Mais um pouquinho morrem as tradições juninas na Terra da Garoa. Triste! Muito triste.  

Tudo bem! Tivemos, ali, em Caruaru e em Campina Grande, excelentes Festas de São João. Mais perto da nossa cidade, tivemos, em Arcoverde, um ótimo São João.  E, em Bom Conselho, um bom São João. Ah! Ia esquecendo Caetés, que soube, fizera um razoável festejo junino. 

No meio a essas reflexões, eis que chega um amigo e me pergunta como teria sido o nosso São João, ao que respondi: “Amigo, não me pergunte o que não posso responder. Sou claro a você: a vergonha não me deixa fazê-lo.” 

Meio atônito, digo: “Como?” O amigo pergunta: “É possível fazermos um São João em nossa cidade?” Respondo: “Evidente, amigo, e digo, sem problema. E mais: Voltando com as nossas quadrilhas; voltando com nossos shows de finais de semana. E de vésperas e dias de São João e São Pedro, e, de repente, ainda, de Santo Antônio. Este, padroeiro da nossa cidade. E ainda: incentivando a sociedade civil organizada a fazer os seus festejos alusivos ao período, como esse ano mesmo fez a Rede Feminina de Combate ao Câncer, com absoluto sucesso.

E, ainda, disse ao amigo: “Enfim, compromisso, disposição e coragem, essa a receita ao resgate desses festejos de tradição em Garanhuns, cidade que sempre se fez presente, saudando essas datas na terra do grande Mestre Dominguinhos, que por aqui iniciou a sua jornada musical.”     

Senti que o amigo queria mais conversa. Pedi, no entanto, para  deixar-me sozinho. Em paz. Que ele entendesse a minha tristeza, que se confunde com a tristeza de tantos com quem falei. Que, enfim, quero curtir essa tristeza só, e tratar, com meus botões, de outra tristeza, que carrego comigo. Enfim, quero ficar sozinho para tentar me reanimar, pelo menos um pouco. Disse-lhe, por derradeiro: “É assim que faço, quando estou triste. Recolho-me. Espero que você entenda.”   

Passei na casa de outro amigo, torcendo que ele não me viesse com mais perguntas que eu não pudera responder. 

Na verdade, antes, liguei para ele, e perguntei: “Posso ir, aí, levar a você meu abraço de São João?” Ele foi direto comigo. “Se avexe Givaldo! Aqui, está ótimo! Muita comida e animação”. E repetiu: “Se avexe!”

Saí correndo, ou, como disse esse meu amigo: “avexado”. E lá chegando, com Emília, bate-me outra tristeza. É que não sei dançar. E todos, lá, no xote, no forró, no baião, no xaxado... E eu e Emília só assistindo a tantos e a tantas, amigos e amigas, dançarem todo o tempo. E, nós, a assistirmos e a assistirmos... E só. E haja pamonha, canjica, milho verde à beça.  

De repente, aguça-se em mim a tristeza por não saber dançar. No que pese à fidalguia e efusão de todos e de todas com nossas presenças, volta-me a infeliz tristeza. Nunca dancei músicas juninas. Na verdade, quaisquer outras, não obstante, minhas tentativas de, um dia, querer dançar as músicas dos Beatles e de Michael Jackson. Resignei-me só às tentativas, já que não levava nenhum jeito. 

Disse aos meus botões: “Como eu, na terra do Mestre, sim, do Mestre Dominguinhos, não sei dançar suas músicas? Nem as deles, nem as do Rei, Gonzagão. Nem as de ninguém?”. De Gonzagão, algumas que meus pais gostavam muito: “Mandacaru quando fulora na seca / É o siná que a chuva chega / no sertão / Toda a menina que enjoa / Da boneca / É siná que o amor / Já chegou no coração / Meia comprida / Não quer mais sapato baixo / Vestido bem cintado / Não quer mais vestir de mão/  Ela só quer / Só pensa em namorar / Ela só quer / Só pensa em namorar”... E mais: “Respeita Januário”: “Quando eu voltei lá no sertão / Eu quis mangar de Januário / Com meu fole prateado / Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem / juntinho / Como nego empareado / Mas antes de fazer bonito de passagem por / Granito / Foram logo me dizendo / De Taboca à Rancharia, de Salgueiro à / Bodocó, Januário é o maior! / E foi aí que me falou meio zangado o véi / Jacó / Luiz respeita Januário”... 

E mais tantas e tantas. Verdadeiros clássicos da nossa MPB. Letras imorredouras, que vêm aos nossos ouvidos no dia a dia. Sobretudo nesses tempos de São João. 

De Dominguinhos, “De volta pro aconchego”: “Estou de volta pro meu aconchego / Trazendo na mala bastante saudade / Querendo um sorriso sincero / Um abraço para aliviar meu cansaço / E toda essa minha vontade”...  E mais: “Nem se despediu de mim”: “Nem se despediu de mim / Nem se despediu de mim / Já chegou contando as horas / Bebeu água e foi-se embora / Nem se despediu de mim”... 

Logo eu, que sempre estimulei e estimulo a nossa cultura? Cultura musical. Cultura em todas as suas linguagens. 

Perguntei a mim mesmo para depois dizer-me: “Será possível? Vou aprender a dançar. Basta! Basta de tristeza. Na próxima temporada de São João terei que estar pronto para o xote, o forró, o baião, o xaxado... E lá vem fumaça!”

Compenetrado, ouvindo as músicas, e atento à beleza de suas letras, alguém me perguntou: “Givaldo, qual delas você prefere?”. Todas! Gosto do triângulo, da zabumba e da sanfona, do xote. Também da sanfona, do agogô e do triângulo, do baião. Enfim, do pífano, da zabumba, do triângulo e da sanfona, do xaxado. Todas dizem alto de nossa cultura nordestina. 

Foi um São João diferente, o meu. Fui pra casa, depois de ouvir tantas. Fui dormir. Sonhar com o rei do cangaço e seus xaxados. Sonhar com Lampião, Maria Bonita e seus cabras. E deles ficar lembrando todo esse dia de São João.      

Dia seguinte, acordei, e disse a mim mesmo: “Vou brigar pelo São João de Garanhuns. Afinal, por que só naquelas cidades e, aqui, nada? Não! Vou brigar”. Liguei para um amigo. “Quero falar com você. E adianto que é sobre o nosso São João”. Ele me fulmina: “Você está ficando louco, Givaldo. E nós tivemos São João em Garanhuns? Fui para Caruaru. E, lá, foi uma beleza”. “Sei disso!” - respondi. “Mas vamos fazer o nosso.” “Olha, Givaldo, também acho. Mas dizem que não fazem o São João de Garanhuns por conta do FIG”. Mas, que tem o FIG com o São João? FIG é FIG. São João é São João. Depois, quem faz o FIG é o Estado de Pernambuco. O São João seria a cidade de Garanhuns.  

segunda-feira, 19 de junho de 2017

BRISA NÃO, BANDEIRA (VOLUME I)

Acordei todo moído... Penso que foi o uísque a mais que tomei, ontem, com pessoas amigas. Todos muito felizes, como em uma lídima confraria.

Para quem não sabe, eu não tenho o hábito da bebida. Um uisquinho a mais, derruba-me.

Depois, amanhecera chovendo muito, e fazendo muito frio na cidade. 

Lá fora, passei o olho. A névoa tomara conta de tudo. Fechara o tempo. Não se via nada à distância de apenas alguns metros. Tudo cinzento. Mas, muito, muito bonito.

Pensei: essa é a Garanhuns que faltava à cidade. A que se fora, há anos, mas que esse ano promete voltar. Quem sabe? A saudade apertara. E tomara que volte para ficar. Afinal, Garanhuns sem Garanhuns não é Garanhuns.

“Saudade, Givaldo? E frio tem saudade para poder voltar?” “Tem! E tanto tem que voltou. O frio estava com saudade de seu aconchego, Garanhuns. E voltou. Para matar sua saudade. E para deixar Garanhuns feliz. Muito feliz! Portanto, tem.

E ainda estamos em meados de junho. Como será julho? Como? Como será agosto? Como?”

Nas ruas e nas avenidas da cidade, conferi, outro dia, homens e mulheres; moças e rapazes, daqui, felizes da vida pela volta da atmosfera do passado, embora próximo, desses meses de inverno. E, também, porque, de seus baús, desentranharam as roupas grossas de lãs caras, conquanto de finas marcas, todos e todas no aguardo das épocas frias da cidade. Que precisava voltar a ser mais Garanhuns. Sim, para que todos possam... Todos! “desembauzar” seus ricos casacos e vestimentas outras, que só têm serventia nessas épocas do ano. No feliz e fino neologismo de Wagner Marques - “desembauzar”. Que lindo! Tudo conferindo uma atmosfera europeia à cidade.

Em fragmentos de "Brisa" do grande Manoel Bandeira, que estava com a cabeça, pensando mais em Recife, João Pessoa, Natal... Maceió, Aracaju, Salvador... Ele sentencia - para mim, a destempo, porque do Recife não deveria ter saído: “Vamos viver no Nordeste, Anarina / No Nordeste faz calor também/ Mas lá tem brisa/ Vamos viver de brisa, Anarina.”

Brisa não basta, Bandeira. Ela vem quente ou morna, a depender do tempo. Tem que ser frio. Aquele friozinho que você ia buscar longe. Lá, pela Europa.

Fossem outros os tempos, Bandeira, e estivesse você ainda conosco, estaria a convidá-lo a vir passar esse inverno de 2017 na Suíça Brasileira, para vê-lo contente. Mais contente que nos seus tempos de Petrópolis. Sim, de Petrópolis, e de sua vida, como você conta: consciente. 

Ah! Bandeira! Garanhuns estaria a te convidar a provar desse friozinho gostoso da terra “Onde o Nordeste Garoa.” E, você, Bandeira, dias, aqui, quem sabe não fizesse versos mais tocantes para os apaixonados dessa cidade que os versos do poeta da nossa terrinha: “O céu existe entre Sete Colinas / Garanhuns é de lá.” E, por cima, aplaudindo, alegre, Alain (Émile-Auguste Chartier), que dissera, a propósito, sobre o frio: “Só há uma maneira de resistir ao frio, é de ficar contente com ele”.  

Pena, Bandeira, você não estar mais por aqui, para a gente, juntos, provar da maravilha desse friozinho que toma conta, aos poucos, de Garanhuns, neste inverno. Para a gente, juntos, contemplar essa garoazinha que cobre a nossa cidade, neste período. De pouquinho...  Parecendo até com juros altos e correção monetária das épocas de inflação alta em nosso país. Pena! Muita pena!

quarta-feira, 7 de junho de 2017

CASAL ALEGRE E FIDALGO (VOLUME I)

“As portas estão escancaradas, desde ontem, Givaldo, para você e Emília. Tudo prontinho, prontinho... Geladeira cheia, com tudo que vocês gostam. E com toalhas novas e tudo, inclusive seu ‘Senador’, para um delicioso banho depois de uma viagem estafante e atenção à agenda a que vieram cumprir.”

Esse Paulo não tem jeito, Emília. Ele sempre se superando em fidalguia e alegria. A amizade e a bondade presidem as suas vidas. Dele e de Ruth.

“Ou vocês pensam que não sabemos que os amigos pisam os sagrados solos alagoanos? Se não aparecerem até o meu retiro e de Ruth à nossa alcova, já lhes disse: as portas estão escancaradas. Ver-nos-emos, amanhã, logo cedo, cedinho, no café.”


Foi assim que fomos saudados pelos amigos Paulo e Ruth, mal ultrapassadas as divisas de Pernambuco com Alagoas. Alagoas que eles dizem “forte, porque nascido de um pedaço de Pernambuco. Que é gigante”.

É assim esse casal. Vive a vida, intensamente, para seus filhos, sua família e amigos. Aos filhos se refere como “nossos tesouros”. Sempre nos dizem, e hoje nos repetiram: “Todos os dias, Givaldo, nós agradecemos a Deus pela família e pelos amigos que temos. E pela vida que levamos com paz e saúde.”

Fui vice-governador de Lions Clubes Internacional de Paulo. Com ele, aprendi muito. E com ele fizemos época em Lions. Construímos grandes e sadias amizades em Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Amizades que, mais tarde, ajudaram-me muito, enquanto governador.

Não posso ir a Maceió sem estar com Paulo e Ruth. O radar deles detecta tudo. Como ele mesmo diz: “Tudinho num raio de 360 graus.” E não adianta querer voar mais baixo que seu radar. Porque o mesmo está atento na horizontal e na vertical.

Gosto muito quando eles falam que “Alagoas é forte por ter nascido de um pedaço de Pernambuco. Que é gigante”. A sentença é maiúscula. E, também, por certo, correta. E faz justiça a Pernambuco. Conquanto, na época, Pernambuco era a Capitania mais próspera do Brasil, seguida da Capitania de São Vicente. As ideias separatistas, todavia, da “Revolução Republicana” de 1817, levaram Dom João VI a criar, em punição a Pernambuco, a Capitania de Alagoas, tirando de Pernambuco essa parte, hoje, Estado de Alagoas, a partir de 15 de novembro de 1889, já com a República. 

domingo, 4 de junho de 2017

GAROTA DO IPANEMA (VOLUME I)

Amiga alagoana. Como sempre a saúdo: pedaço da gente pernambucana, punida por Dom João VI pela insurreição precoce, para uns, e por querer dividir o Brasil, para outros, e, nestes, eu me incluo. E aplaudo Dom João VI. Pelo Brasil e por Alagoas. 

Foi festa para ninguém botar defeito. Tudo perfeito e acabado até em reverência a sua exitosa trajetória. Que foi cantada e contada, na ocasião, por tantos parentes e amigos. Estes, inclusive do Lions Clubes Internacional. Sob grande emoção de todos. Muitos vertendo água dos olhos. E com aquela expressão que sempre digo: “sem nenhum fiapo de dúvida”, ante os depoimentos. 

Mulher leal, forte, corajosa, dinâmica, inteligente... Detentora de magnífico currículo e digna da admiração de todos. “Eu sou aquela mulher que escalou montanhas, removendo pedras e plantando flores”. Parece que Cora Coralina escreveu essas palavras para que Rosineide as pronunciasse para todos nós. 

Ontem, debaixo de chuva, saí de Garanhuns para Maceió, dizendo a mim mesmo: “Jamais, em hipótese alguma, perderia o aniversário de minha amiga Rosineide, que tanto queremos pela amizade de verdade que temos a ela e ao amigo imortal Djalma, que tanto me estimula... Ah! Não! Não perco!” E não perdi, com as graças do Senhor. 

Mas, confesso, ao adentrar nos “Salões do Resplendor”, tomei um susto. Não era uma simples festa de aniversário. Era uma grande efeméride em homenagem a Rosineide. Efeméride que durou todo ou quase todo o dia de ontem. 

Também pudera... A história que fizera em Maceió. A história que fizera muito antes de aportar em Maceió, até sua ascensão à condição de gestora da Educação em seu Estado, a credenciara na vida a ponto de, sem exagero, poder repetir Cora pelo resto de seus anos que hão de estar muito longe. 

Quando a gente pensava que a efeméride chegava ao seu desfecho, eis que surge Rosineide, ao som de “Garota de Ipanema”, levando ao delírio todos os seus parentes, amigos e amigas. Parecia a própria. E eu não teria exagerado. Nem alguns. Nem muitos. 

Aos meus botões, a respeito dela, eu dizia: “Não faz muito tempo, dava-lhe semblante de 4.0 e corpo de 5.0”. 

Ontem, no entanto, apaguei tudo o que dizia. 

Quando a vi cantando e dançando “Garota de Ipanema”, do grande Vinicius, com melodia de Tom, em homenagem a Helô, corri para dizer a muitos: “É a própria. É a própria!”. Mas a própria tinha, na época, 17 aninhos. A nossa, que adentrava tudo nos fazia apostar que beirava seus 3.0, mas tão formosa quanto a Helô Pinheiro da época. Esta, hoje, já com mais de 70. 

Morri de emoção. Morreram todos e todas ou quase todos e todas de emoção. Vertendo lágrimas dos olhos pela emoção e alegria incontidas. 

Tive piedade dos Amigos e Companheiros Marcelo, Romany, Arnóbio... Também das Amigas e Companheiras Tereza, Luciana, Cristina... Cedi-lhes meu lenço. 


De lá saí, já tarde, quase de quatro, porque o casal, de olho no meu copo, não me dava trégua. 

No dia seguinte, ainda sentindo o que vivenciara no dia anterior, liga a minha “Garota de Ipanema” para Emília e sentencia: “Vou passar aí, no Ritz, para sairmos para jantar. Avise a Givaldo. E ponto final.” 

Fomos! Fazer o quê?

sexta-feira, 2 de junho de 2017

REDE FEMININA (VOLUME I)

Gosto muito dessas “meninas” da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Garanhuns. É assim que me dirijo a elas. 


Outro dia, pensei: “Meninas? Por que eu as chamo de ‘meninas’? Será que em um dia desses não vou receber uma repreensão de alguma delas por chamá-las de ‘meninas’? Elas com suas condições de senhoras da nossa sociedade, lá estando para prestarem um serviço voluntário, focado na solidariedade, na fraternidade e no humanitário? Não! Avancei demais. Não! Não as devia estar chamando de ‘meninas’.” E já há um bom tempo, eu me refiro a elas assim. Sei lá o sentido que alguém de fora possa dar à minha saudação. Resolvi abrir um hiato. Passar um tempo sem mais chama-las de “meninas”; até me esconder um pouco delas, já que se reúnem em um dos salões do Garanhuns Palace. 

“Coisa feia, Givaldo!” - Disse a meus botões. “Esconder-se das ‘meninas’? As que você tanto admira? A quem a cidade tanto aplaude?” - Arrematei. Vulgarizar a saudação “meninas”? Impossível! Todos sabem. Já sei! Já sei! Vou consultar o Aurélio. E fui. E não para minha surpresa, ele é fulminante. “Menina”, dentre outras, mas, sobretudo: “Tratamento familiar e afetuoso dado às pessoas do sexo feminino, crianças e adultos.” Mais, ainda: “Tratamento familiar e afetuoso entre parentes e amigos, ainda que adultos.” 

Bateu com o sentido que eu vinha conferindo às minhas “meninas” da Rede. Que adoro. E respeito, deveras. Fui às minhas anotações que sempre faço, e encontrei essa do poeta Jorge de Lima: “Joaquina Maluca, você ficou lesa / não sei por que foi / Você tem um rosto de graça menina, na boca, nos peitos / não sei onde é”... 

Vou voltar às minhas “meninas”. E não vou fazê-lo porque, só agora, esteja certo que elas absolverão minha saudação. Até porque sempre estive certo disso. Vou voltar porque elas já me fazem falta com seus sorrisos. Com suas alegrias. Suas histórias interessantes da Rede e de fora dela. 

Mas eis que, entrementes, encontro uma delas: “Givaldo, você nunca mais nos chamou de ‘meninas’. Estamos sentindo falta.”

Ah! Se eu ia. Agora é que eu vou mesmo. Vou cumprimentar as minhas “meninas” sempre que estiverem por aqui, reunidas. Contando suas histórias de solidariedade, falando sobre suas histórias de fraternidade, dizendo, enfim, de seus feitos humanitários. Não! Não vou mais só me ater, e tão só, às festas de São João da Rede que, com grande brilho e animação, elas promovem na cidade. E que contam com a presença de muita gente da sociedade garanhuense, que vai muito mais para levar o seu “muito obrigado” por elas existirem em nossa cidade. Em nossa região. 

Vou muito mais além. Eu quero! Afinal, São João só ocorre uma vez ao ano. Vou me colocar à disposição dessas “meninas” em suas tarefas humanitárias, fazendo tudo o que me for possível. 

Muito bonita a festa de São João dessas “meninas”, desse ano. Disse alto à cidade de suas grandes iniciativas, a contar pelo grande número de pessoas presentes. 


Estão de parabéns todas as que fazem a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Garanhuns, em especial a essa abnegada Irene Leal, sua presidente.