
A primeira rua, contudo, em que minha família morou em Garanhuns não tinha o nome de Rua. Chamava-se, como se chama, ainda hoje, de Praça Dom Pedro II, lá no bairro da Boa Vista.

Da Rua do Recife, guardo algumas recordações. Dos nossos vizinhos e da Escola de Dona Geraldina em que estudei até o então terceiro ano primário, já que no final deste, e uma vez aprovado no exame de admissão ao Colégio Diocesano, lá, não fizera o quarto - nem lá, nem em outra Escola, porque no ano seguinte dei início ao primeiro ano do então curso ginasial.

Lembro-me, ainda, que, naquele tempo, eu procurei saber, mas sem dizer nada a ninguém - meus pais, Dona Dulcina, Dona Geraldina... Ninguém! Como se daria o exame de admissão ao Colégio Diocesano. Responderam-me: “Simples! Você se inscreve, paga uma taxa e enfrenta o exame. Se passar... Bem, se passar, no começo do ano que vem você procura a Secretaria do Colégio, faz sua matrícula, e começa o primeiro ano de seu curso ginasial.” E assim fiz. Sem contar nada a ninguém. Nem mesmo a meu irmão mais velho - Geraldo. Bem mais velho do que eu - 14 anos.
Quando me vi aprovado naquele exame é que contei da minha façanha à minha família. Primeiro, a meu irmão Geraldo. E fi-lo, não sem antes lhe fazer um pedido: ir comigo aos nossos pais e a eles contar o que teria ocorrido, dizendo-lhes do meu esforço à aprovação do referido exame. Ah! Como me lembro! Foi uma festa. Todos ficaram felizes e, eu, sentindo-me glorificado.

Ainda me lembro de meus brinquedos. Ou, na verdade, o meu único brinquedo que, com ele, ficava boa parte do dia a vagar pelo amplo quintal, sobretudo nos períodos de férias escolares: uma lata de doce cheia de areia era o meu carro, e lá ia eu percorrendo as pistas do quintal de Dona Eulália, minha saudosa mãe.
Aos seus jardins, praticamente não tínhamos acesso, tamanho o seu ciúme às suas roseiras. Dizia-nos sempre: “Jardim sem roseiras não é jardim.” E delas, minha mãe cuidava pessoalmente. Era tarefa intransferível. Só a ela cabia fazê-lo. Com suas roseiras, falava. Com suas roseiras, era feliz. Tudo levando a crer haver uma cumplicidade entre minha mãe e suas roseiras. Que estavam sempre bonitas e coloridas.