segunda-feira, 30 de outubro de 2017

RUA DO RECIFE (30.10.2017) (VOLUME II)

Minha família morou na Rua do Recife por alguns anos. Antes, todavia, morou na Rua do Cajueiro. Em ambas as ruas, sob o mesmo número - 161. Mais tarde, e em definitivo, minha família mudou para a Rua Dantas Barreto, também sob o mesmo número - 161. 

A primeira rua, contudo, em que minha família morou em Garanhuns não tinha o nome de Rua. Chamava-se, como se chama, ainda hoje, de Praça Dom Pedro II, lá no bairro da Boa Vista. 

Meus pais, com toda a família, chegaram a Garanhuns, procedentes da vizinha cidade de Correntes. Eu, ainda nos braços de minha mãe, e com dois meses de idade. Pouco tempo depois, fui levado à Pia Batismal, para receber o sacramento do batismo, ministrado pelo Pe. Matias, então pároco da Igreja de São Sebastião.    
  
Da Rua do Recife, guardo algumas recordações. Dos nossos vizinhos e da Escola de Dona Geraldina em que estudei até o então terceiro ano primário, já que no final deste, e uma vez aprovado no exame de admissão ao Colégio Diocesano, lá, não fizera o quarto - nem lá, nem em outra Escola, porque no ano seguinte dei início ao primeiro ano do então curso ginasial.

Quem não gostou dessa armação fora Dona Geraldina Miranda. Ainda em mim, vaga lembrança: “Menino, como você conseguiu essa façanha?” - teria ela me perguntado. Ao que teria eu respondido: “Estudei em duas Escolas de referência em minha cidade: a de Dona Dulcina e a de Dona Geraldina.”

Lembro-me, ainda, que, naquele tempo, eu procurei saber, mas sem dizer nada a ninguém - meus pais, Dona Dulcina, Dona Geraldina... Ninguém! Como se daria o exame de admissão ao Colégio Diocesano. Responderam-me: “Simples! Você se inscreve, paga uma taxa e enfrenta o exame. Se passar... Bem, se passar, no começo do ano que vem você procura a Secretaria do Colégio, faz sua matrícula, e começa o primeiro ano de seu curso ginasial.” E assim fiz. Sem contar nada a ninguém. Nem mesmo a meu irmão mais velho - Geraldo. Bem mais velho do que eu - 14 anos.

Quando me vi aprovado naquele exame é que contei da minha façanha à minha família. Primeiro, a meu irmão Geraldo. E fi-lo, não sem antes lhe fazer um pedido: ir comigo aos nossos pais e a eles contar o que teria ocorrido, dizendo-lhes do meu esforço à aprovação do referido exame. Ah! Como me lembro! Foi uma festa. Todos ficaram felizes e, eu, sentindo-me glorificado.

Na Rua Dantas Barreto fora onde mais pontificamos, enquanto crianças. Residência espaçosa. Dona de um grande quintal e florido jardim. Ali, eu e meus irmãos mais novos brincávamos e éramos felizes. 

Ainda me lembro de meus brinquedos. Ou, na verdade, o meu único brinquedo que, com ele, ficava boa parte do dia a vagar pelo amplo quintal, sobretudo nos períodos de férias escolares: uma lata de doce cheia de areia era o meu carro, e lá ia eu percorrendo as pistas do quintal de Dona Eulália, minha saudosa mãe. 

Aos seus jardins, praticamente não tínhamos acesso, tamanho o seu ciúme às suas roseiras. Dizia-nos sempre: “Jardim sem roseiras não é jardim.” E delas, minha mãe cuidava pessoalmente. Era tarefa intransferível. Só a ela cabia fazê-lo. Com suas roseiras, falava. Com suas roseiras, era feliz. Tudo levando a crer haver uma cumplicidade entre minha mãe e suas roseiras. Que estavam sempre bonitas e coloridas.   

domingo, 29 de outubro de 2017

LER E ESCREVER (29.10.2017) (VOLUME II)

Não faz muito, fui visitar um amigo. Recebeu-me em um dos cômodos de sua ampla e bonita residência, que logo entendi como seu recanto: o lugar onde estaria em paz para pensar, escrever e ler os seus livros como o faz, diariamente. Foi-me logo dizendo: “Não olhe a minha desarrumação não. Confesso que ela é a melhor arrumação de que preciso. Dela e daqui, de onde tenho assento, mantendo controle de tudo. E depois, Givaldo, não queira saber a sensação de estar entre livros por todos os lados. Portanto, por eles cercado. Parece que eles estão a querer penetrar em mim. E eu a penetrar neles. Confesso que gostaria que fosse verdade. Não só, e tão só, sensação. Fosse, portanto, real. Eu, penetrando em meus livros. Meus livros, penetrando em mim. Ah! Se me fosse dado que isso ocorresse.”

Vi e pude sentir, nesse meu amigo, muita paz a lhe cobrir em seu exclusivo refúgio. 

Disse-me: “Aqui, amigo, adentra apenas eu, e um ou outro amigo a meu convite. Aqui, é meu refúgio. Aqui, é meu altar. Aqui, eu me encontro com meus tesouros - meus livros e minhas canetas. E você me faz lembrar o Marquês de Maricá. Que repetia sempre: ‘No Brasil, não se podem emprestar livros: os que os recebem, considera-os dados e não emprestados’.” 

“Você lembra, não é? A gente conversava muito a respeito disso na ‘Casa de Tobias’. Nunca gostei de emprestar meus livros. Desde aqueles tempos. Minha mãe me dizia: ‘Quem empresta, não presta!’ E, sobretudo, naqueles tempos quando os recursos eram escassos. Por isso que tenho os livros que tenho. Livros que vêm daqueles tempos. Muitos! Livros que vieram depois. Também muitos. Livros. Livros. E livros... Alguns milhares. 

A propósito, Givaldo, você tem procurado as livrarias? Os livreiros? Outro dia, saí da minha residência com um de meus filhos a um desses Shoppings da cidade. Você sabe, não é? Disse-lhe outro dia. Não quero mais trabalhar. Lá, fomos a duas ou três livrarias. Você conhece as minhas predileções. Fiquei horrorizado com os preços dos livros, sobretudo os de Direito. Fiquei a me perguntar o que seria de mim se o tempo voltasse e eu tivesse que adquirir aqueles livros para avançar na minha formação. Tenho pena dos pais de família de hoje por conta do alto custo para conseguir dar uma boa formação a seus filhos. Livros de Direito, proibitivos. Livros de Medicina, nem falar, inacessíveis. Enfim, um verdadeiro absurdo.”

Saí da residência do amigo, não sem antes lhe dizer que, como ele, também tinha meus livros como meus melhores amigos. E, citando, pra ele, Mário Quintana: “O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.” “É como me sinto no meu refúgio. Por isso, amigo, nunca me vejo só, já que, como você, também vivo cercado de livros. Ah! E, deles, tenho muito ciúme. Meus livros e minhas canetas são meus amigos inseparáveis. Aqueles se confundem com estas.  ‘Escrever é lembrar-se. Mas ler é, também, lembrar-se’, dizia Mauriac. E esse exercício eu o faço todo santo dia. Apesar de meus dias a dia, ainda de muito trabalho”.  

Saudando esse dia, portanto, estou a cortejar a leitura e a escrita. Enfim, o ler e o escrever. Que não têm fim. Salve o dia do livro! Que lembra leitura. Que induz à escrita. Mas sempre tendo em mente as palavras de Campoamor: “Quem me dera saber escrever!” E eu completo: e ler. 

“Diante de seu discurso, Givaldo, em homenagem a este 29 de outubro, permita-me colocar que o movimento editorial no Brasil, que cresce cada vez mais, não é de ontem, muito menos de hoje. Vem de longe. De muito longe. Do Brasil Colônia. Ele vem da instalação da Imprensa Régia, em 1808, pelas mãos de Dom João VI, então príncipe regente. Ele vem um pouco depois, em 1810, com a fundação da Biblioteca Nacional, quando se lançou o primeiro livro editado no Brasil, ‘Marília de Dirceu’, de Tomaz Antônio Gonzaga. Posto que, é certo, crescido mesmo só a partir de 1925 com a fundação da Companhia Editora Nacional, pelo escritor Monteiro Lobato.” 

Mas eu concluo meu discurso, amigo: “Temos que fazer a apologia do livro e da escrita não só neste dia”. E mais: “Temos que fazê-la, sempre. Sobretudo, às nossas crianças, a fim de que, desde cedo, o hábito da leitura seja-lhes presente em suas vidas, e por todas suas vidas”. 

Abrir um livro é uma questão de hábito. E este, quanto mais cedo adquirido, mais presente estará no homem de amanhã. E, para abrir um livro, não é preciso escolher um lugar. Ele pode se aberto e lido em qualquer hora e em qualquer lugar. Basta querer.      

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

AINDA FRIO E CHUVA EM GARANHUNS (25.10.2017) (VOLUME II)

Já chega novembro. Estamos às suas portas. Já, já, dezembro. E Garanhuns continua fria e chuvosa. Chuva esta, branda. É certo. Mas ainda presente. Como que saudosa da cidade. Mesmo antes de ir embora. E no que pese quase novembro. Quase dezembro. Como o templo flui...

Também garoando a minha cidade. Esta, a ofertar seu adorno. Que desce de suas Sete Colinas - Magano, Antas, Columinho, Ipiranga, Monte Sinai, Quilombo e Triunfo e desce na cor cinzenta, ocupando nossos logradouros e avenidas. Cor que lhe empresta uma atmosfera europeia. Inglesa, mesmo!

No particular, bonita, linda e bela. Como toda a cidade. Mas, pelo adorno... Mais bonita, mais linda e mais bela. Ou belíssima, como recomenda meu entusiasmo.

Ao longo de todas as estações - primavera, verão, outono e inverno. Sim, no verão, também, posto que aquela senhora do Shopping Center Cidade de São Paulo, não acredite.  E tenha ousado dizer-me e repetir: “Não acredito! Lá? Du-vi-do”... Ela, que só imagina fome, miséria e falta d'água potável para beber por essas bandas. Essa elite paulista... E ainda vem ao Norte e Nordeste brasileiros pedir votos para seus candidatos. Para depois... Ah! Para depois...

Sou, positivamente, um garoto propaganda da minha cidade. Dela, não lhe cobro nada por esse mister. Nadinha! Pelo contrário, agradeço. Por me permitir, logo eu, assim dizer dela por onde passo. E o faço convicto de que não estaria fazendo nenhuma propaganda enganosa.

Tenho amigos, muitos, que vêm a Garanhuns. E deles recebo retornos mil. “A sua cidade é maravilhosa, Givaldo. Mais que bonita, como diz você, Givaldo. Mais que linda, como murmura você, Givaldo. Mais que bela, como apregoa você, Givaldo. Ela é mais que belíssima, como dita seu sensato entusiasmo, Givaldo.”


domingo, 22 de outubro de 2017

MINHAS LINHAS (22.10.2017) (VOLUME II)

“Desembauzar”. Este é o neologismo que Wagner me soltou: “Tem que ‘desembauzar’ esse material”. Dei de ombro. Mas, nem tanto. Como, por certo, gostaria.

Aos poucos, fui “desembauzando” minhas linhas e as liberando ao público pelas redes sociais; pela imprensa falada e escrita, ao tempo que ia ordenando-as e reunindo-as em volumes, para enviar ao prelo, com as cautelas ditadas pelo nosso Wagner Marques.

Indaguei-me, recorrente, há pouco. Publicar essas linhas? Perdi o senso? Eu? Mas essas linhas foram tecidas nas minhas horas de lazer. Sem relevância e sem pretensão. 

Não! Não perdi o senso. Se falarem? Que falem! Aliás, de tudo se fala. De quem produz. De quem não produz. E eu produzi. E as linhas são minhas. 

Vou aos meus arquivos, gavetas e baús. Descubro pastas e pastas. Algumas até pesadas e densas. Outras nem tanto. Que em infinitas linhas contam o cotidiano de minha cidade e alhures. Cotidianos reais e ficcionais. 

Contam algumas das minhas jornadas. Na verdade, percursos de caminhos. Que perfazem jornadas. Estas, sempre verticais, valentes, firmes e diretas. 

Fáceis esses caminhos? Não! Difíceis suas ultrapassagens? Sim. Pedras tentaram barrá-los? Também, sim! Contudo, parecia segurar-me na sentença de Mário Quintana: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”. Quem sabe, este, cristalizado por linhas e linhas. 

À Ezandra e Diego, que me ajudam nessa difícil tarefa, disse-lhes: “Vocês pensam que chegaram ao fim? Este, longe. Muito longe, ainda! Aqui, temos algumas vezes mais material que esse encontrado em nossas varreduras. Mãos à obra! Posto que já estejamos com as mãos nela”.

Nunca pensei passar pelo que me ocorre nesses últimos tempos. Nunca!



sábado, 21 de outubro de 2017

ADEUS, MARCUS! (21.10.2017) (VOLUME II)

Estava aqui, pensando nas linhas que escrevi nessa sexta-feira (20), em homenagem aos poetas da minha cidade, nesse dia a eles dedicado.

Os dias da gente, enquanto profissionais, enquanto responsáveis pela direção de órgãos sociais, a mim me parece que sejam todos os dias do ano, até por conta de nossos dias a dia e, no caso do homem das Letras, não é diferente, eis que sua produção literária acontece em igual dimensão temporal.

De repente, nosso amigo, Alexandre Santos, que é presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), entra nas redes sociais para noticiar a “grande inflexão da vida” do amigo e poeta Marcus Accioly, concluindo com o registro da grande lacuna que acabara de abrir à cultura brasileira, e, por fim, por ter deixado a União Brasileira de Escritores de luto.

Gostava muito de Marcus. De sua dedicação. De sua firmeza. De seu amor. Tudo, dirigido à Cultura.

Convivi com ele ou sempre nos relacionamos desde meus tempos de Secretário de Cultura da Cidade (2008) e, desde então, pude acompanhar esse seu interesse pela Cultura, sobretudo no que dizia respeito à sua propagação.

Aprendi a admirá-lo. Máxime, a compreendê-lo. Porque todo seu grande entusiasmo era em função da defesa da cultura.

 Marcus Accioly residiu algum tempo em nossa cidade. Com ele, estive algumas vezes, por aqui. Mas, a ele, nunca quis perguntar se estaria pensando em adotar Garanhuns como seu novo porto seguro ou como mais um recanto em busca de inspiração, já que a cidade é rica desses lugares, tendo inspirado tantos poetas daqui e de alhures. Cheguei mesmo a pensar: a poesia para Marcus é sua grande obsessão. Veio para Garanhuns à procura de mais fontes inspiradoras.

De Castro Alves a João Cabral de Melo Neto, Accioly sabia de tudo. Por isso, e tantas mais, se dizer que ele fora o poeta brasileiro que mais escrevera versos, portador que fora de inspirações e ambições incontidas. E em todos os gêneros: o épico, o lírico e o dramático. Fora, por assim dizer, completo.

De luto, a Academia de Letras de Pernambuco. De luto, a União Brasileira dos Escritores. De luto, Pernambuco e o Brasil, pela perda irreparável de um homem que ainda tinha tanto a oferecer às Letras, em particular à poesia. Na Academia ele sucedera a João Cabral de Melo Neto, patrono da cadeira 19 daquela Casa. Na UBE ele pontificou. Como pontificou em Pernambuco e no Brasil.

Da sua presença vamos sentir muita falta, Marcus. De seus debates, então... Acalorados. Apaixonados... Mas, você, Marcus, esteja onde estiver, fique na certeza de que seus amigos rogam por um reencontro com você, num dia desses.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

PARABÉNS, POETAS DE SIMÔA! (20.10.2017) (VOLUME II)

Aos poetas da minha cidade, neste seu dia, expresso minha admiração. Minha reverência...

Para mim, talento poético é obra divina. Lembro-me de uma passagem de Voltaire, que assinala: “Um dos méritos da poesia, que muita gente não percebe, é que ela diz mais que a prosa, e em menos palavras.”

Victor Hugo, em “Um Poeta” fala que “um poeta é um mundo encerrado num homem.”

Para mim vocês são, sobretudo, escolhidos pelo Criador, portadores que são de um coração poeta.

Estava eu construindo essas palavras quando, de repente, minha secretária entra na linha e me diz: “Lenildo quer dar uma palavrinha”. - Lenildo Ramos?, perguntei. “Sei não. Vou perguntar”. No que eu disse: “Pergunte. Se for Lenildo Ramos, traga-o, aqui, por favor.”

Disse a mim mesmo: deve ser alguma entrevista que deseja fazer, ou algum Contrato Midiático.

Fiquei surpreso: Lenildo me trazia um exemplar de seu livro “Poemas e Porquês”, com orelha de Carlos Janduy, que começa arrasando: “Disse um poeta que a poesia é a própria vida tomando forma e que não há poeta pronto. Considerando essa afirmativa, a poesia indica sempre um longo, intenso, complexo e fascinante caminho.”

Fui, açodado, ao seu sumário. E vi “Ariano Suassuna”. Corri os seus versos em leitura dinâmica, enquanto Lenildo falava. Lá estava a síntese de sua obra. Com toda sua beleza. O louvor ao altar Ariano: 

“E nessa minha caminhada fui construindo amizades 
Visitei muitas cidades, inclusive Garanhuns 
Privilégio de alguns, aprendi muitas lições...”

Fulminante com os “faladores e reclamadores” da vida, Lenildo é direto em seus versos em “Resposta Divina”: 

“Aí eu te ajudarei
Vai trabalhar vida mansa! 
Deixa de tua moleza
Te ajuda a eu te ajudar...”

Vou dissentir da “orelha” de Janduy. O poeta está pronto, sim. Porque nasce da mão divina.

Para ser o primeiro, está muito bom esse trabalho de meu amigo Lenildo Ramos para quem levo meu abraço, rogando-lhe dividir com todos os Poetas de Simôa, neste seu dia.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

QUIS SER MÉDICO (18.10.2017) (VOLUME II)

A gente só dá viva aos nossos médicos e dentistas quando os incômodos que nos atormentam vão embora. Essa é a regra. Pelo menos a que me ocorre. Tenho medo de ir a médicos. Outro dia, escrevi exatamente isso: “Tenho medo de ir a médico”. Pois não é que um amigo dileto, que deve ter lido minha prosa em leitura dinâmica, logo desatenta... Veio-me tomar satisfação? “Eu quero saber o que você tem contra os médicos? Você disse que não gosta deles.” Disse: “Amigo, cuido que você deve ter lido isso em outro autor. Nunca disse isso sobre os médicos. Aliás, devo dizer-lhe que tenho vários amigos que são médicos. Mas me diga: por que você se irritou tanto? Afinal, você não é médico. Por que as dores por expressão que nunca escrevi, nem escreverei, até porque nada tenho contra os médicos? Simplesmente não gosto de procurá-los.” No que ele me respondeu: “É que minha esposa é médica e, entendendo errado o que você escreveu, fiquei magoado.” Disse aos meus botões: “Ah! O que o amor não faz?”

Penso, hoje, recordando de uma mestra que tive. A ela disse, certa vez: “Quero mudar de turma, professora. Quero sair do curso clássico para o curso científico”. Ela me perguntou do porquê. “Quero ser médico. Desisti de ser advogado.” Ela olhou para mim e me disse: “Volte para a sua sala de aula. Não está vendo que você não tem cara de médico?” 

Outra época, contei essa história a um político, e ele se saiu com essa: “Teria sido um perigo, para nós, você, médico.” Dei de ombro. Fiz-me de desentendido. E fiquei a pensar: então estou certo. O médico, na política. O padre, na política. Não combina. De repente, confundem os ofícios. Ninguém pode servir a dois senhores. E, política, para mim, é atividade séria, nobre, missionária... Que exige vocação e preparo ao seu exercício. Que exige dedicação. E esta exclui a prática de outros ofícios.    

Neste dia, portanto, dedicado a vocês, médicos e médicas de minha cidade, gostaria de saudá-los, dizendo de minha admiração pela profissão que exercem, e do meu esforço para, a cada dia mais, ter menos medo de procurá-los em busca de sua assistência.  

domingo, 15 de outubro de 2017

MEUS PROFESSORES (15.10.2017) (VOLUME II)

Tive tantos professores. Deles, nunca esqueci. De todos ou quase todos. Dona Dulcina. Ela, mestra que, paciente, generosa e carinhosa, ensinou-me as primeiras letras em sua escola, lá, na Avenida Santo Antônio. Ela que me entregou à outra mestra, Dona Geraldina, eu já sabendo ler ou pelo menos soletrar algumas das palavras que me ensinara.


Às vezes fico a pensar: Deus é sempre muito bondoso comigo. Protecionista, diria mesmo. Lá, na Avenida Santo Antônio, nos meus primeiros aninhos, eu já recebia as bênçãos de dois santos: o primeiro, já reconhecido pela Santa Igreja: Santo Antônio. A segunda, protegida fortemente pelo Senhor: Dona Dulcina, para cumprir uma nobre, mas difícil missão: educar. 

Depois de passar pelas mãos dessas duas mestras, saí para o exame à admissão no Colégio Diocesano.

Outro dia pensava sobre minhas jornadas. Ou sobre os primeiros passos dessas jornadas. De Dona Dulcina, eu ainda criança, ao meu ingresso na centenária Faculdade de Direito do Recife, eu, ainda adolescente. Mas avançando com persistência, dedicação e esforço. 

De repente, bate-me à mente as palavras de Dom Pedro II que costumava dizer que “Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências juvenis, e preparar os homens do futuro.”

Não tenho o menor fiapo de dúvida sobre o que nos expressava Dom Pedro II, sobretudo quando asseverava não conhecer missão maior e mais nobre que a de dirigir jovens, e prepará-los para serem os homens de amanhã. 

Tive, nessas jornadas, na busca de minha formação, inúmeros professores. Inspirados, devotados, e hábeis mestres. Por isso, autênticos, verdadeiros e vocacionados. Homens e mulheres que teriam vindo ao mundo para exercer a maior e mais nobre de todas as profissões - professor.  

Já adulto, e agradecido aos mestres e mestras que tive, comecei a pensar sobre todos eles e sobre todas elas. Do tesouro que me lograram. Da paciência que tiveram comigo e com todos os colegas. 

De repente, uma expressão sempre referida por Júlio Camargo me chama a atenção: “O professor é inteligente, mas não é inteligente ser professor.”   

Aqui, que me perdoem dissentir de Camargo. Do fundo de meu coração quero, nesta hora, dizer aos professores de meu Brasil que, ao contrário do que diz Júlio Camargo, em nossas terras, quem está sendo pouco inteligente são os nossos governantes, que não reconhecem relevância em nossos educadores para podermos salvar essa nação, elevando-a à posição que tanto merece. Abençoado, portanto, sejam todos vocês, professores do nosso país. E de nossa pátria, Garanhuns.

sábado, 14 de outubro de 2017

NESTE NATAL, GARANHUNS TE ESPERA! (14.10.2017) (VOLUME II)

O Natal de Garanhuns, neste ano, terá início em 10 de novembro e vai até 31 de dezembro. 

Neste ano, Garanhuns receberá milhares de turistas que voltam à cidade para rever o nosso Natal, e milhares de outros, que vêm conhecê-lo.  Sim! Conhecer a sua beleza, o seu encanto, a sua magia... Que já correm notícias, mundo a fora.  E eles vêm para conferir o que dizem. E, dele, se empolgarem, e nunca mais deixarem de vir com sua família e seus amigos. 

De fato. Garanhuns tem caprichado muito na construção de seu Natal. Que é montado com muito carinho e muito amor para receber a tantos que a ele aportam. 

Ainda limiar de outubro, já se percebe, contudo, um caminhar que aponta para essa data sagrada - o Natal. Nos bares e restaurantes da cidade, o assunto Natal flui cada vez mais com maior entusiasmo e intensidade. Por outro lado, as empresas do trade turístico da cidade já se preparam para receber e recepcionar... Mais que isso: darem um show de recepção e de hospitalidade aos milhares que prometem aportar em Garanhuns, ao longo desses 52 dias do maior e melhor Natal do Norte e do Nordeste brasileiros. Já, já, também, do Brasil - dizem o entusiasmo e a paixão garanhuenses.  

A cidade, portanto, está pronta. Pronta para receber milhares. Pronta, e no melhor clima natalino.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

PARABÉNS, QUERIDO LAR! (12.10.2017) (VOLUME II)

12 de outubro. Dia que carrego comigo desde adolescente. Dia do aniversário do “Querido Lar”. Que me acolheu... durante meus verdes anos. 

Hoje, mais um 12 de outubro. 102 anos faz o Ginásio. Quantas histórias eu teria para contar... Limito-me, no entanto, a duas: que vi o seu cinquentenário. Era, então, seu aluno, ainda. Que fui presente ao seu centenário. Pela bondade divina. 

Hoje, logo cedo, estava eu em sua Capela. A mesma do tempo da minha mocidade. A mesmíssima de todos esses anos. Linda, apesar dos anos. Sagrada. Verticalmente sagrada. Segura pelas mãos de Deus. Casa do Senhor.

Hoje, como ontem, saí com tantos, pelas ruas e avenidas da minha cidade. Tantos da minha e de várias gerações. Saímos em marcha, saudando mais um ano do “Querido Lar”. E todos, alunos e ex-alunos, entoando a beleza de seu Hino. E, neste ano, também, festejando o primeiro centenário da nossa Diocese, dirigida por homens de Deus, que fizeram história, desde o seu primeiro Bispo, Dom João Tavares de Moura, até o seu décimo Bispo, Dom Fernando Guimarães, passando por Dom Manuel Antônio de Paiva, Dom Mário de Miranda Vilas Boas, Dom Juvêncio Britto, Dom Francisco Expedito Lopes, Dom José Adelino Dantas, Dom Milton Correia de Oliveira, Dom Tiago Postma, Dom Irineu Roque Scherer e, hoje, Dom Paulo Jackson de Nóbrega, como seu décimo primeiro Bispo. 

Não em vão que disse a todos de minha cidade, em mensagem, faz pouco, e pensando no 12 de outubro que se aproximava: 
    
“12 de outubro! Para mim, data altar...

Para esse altar, todo meu respeito... Para esse altar, toda minha reverência... Para essa data-altar, todas as homenagens e saudações ao meu alcance. 

Nunca me esqueço dessa data. Tenho-a sempre presente em minha mente. Também... Foram tantos os anos em suas salas. Foram tantos os anos em suas bancas. Enfim, foram tantos os anos em sua Capela... Desde o exame à minha admissão, até longos anos. 
Todavia, dois 12 de outubro me marcaram mais fortemente: 12 de outubro de 1965 e 12 de outubro de 2015. Anos do cinquentenário e do centenário do ‘Querido Lar’, respectivamente. 

Sempre estive atento a essa data - 12 de outubro. A ela presto minha saudação. Saudação de ex-aluno que, reconhecido e agradecido, saúda mais um ano de existência do ‘Templo Sagrado de Luz e Saber’. Sim, do querido Colégio Diocesano de Garanhuns”.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

DIA MUNDIAL DE LIONS CLUBES (10.10.2017) (VOLUME II)

Hoje, toda a glória para esse Movimento que se chama Lions Clubes Internacional, por conta da instituição de seu dia em todo o mundo. 

Os milhares de Leões, espalhados por todo ou quase todo o planeta, na verdade, em mais de 200 países, recebem essa homenagem com muita humildade, mas também com enorme gratificação. Por certos de que estão no caminho que aponta às palavras de seu líder maior, Melvin Jones, quando vaticinava: “Enquanto um homem na Terra, ao chegar da noite, não tiver um lugar decente para repousar, justificar-se-á a existência dos Lions Clubes.”

Os Leões de todo o mundo têm essa consciência. Por isso sabem oportuna a prestação de seus serviços, e do valor de sua presença junto a milhares de que deles precisam. E com coragem, dedicação e muito amor, partem ao seu desafio, posto que sabedores que vão enfrentar uma luta sem trégua.

A presença dos Leões, através de seus Clubes, há exatos 100 anos, encerra testemunho eloquente de sua importância no planeta.  

Outro dia alguém perguntou a um Leão sobre sua postura diante de uma questão humanitária. Ele respondeu que sempre que lhe ocorria àquela pergunta se lembrava de um poema de José Régio, para justificar a natureza do verdadeiro Leão: 

“Não sei por aonde vou
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”

Julgamos que não vamos pelas vias que não nos conduzam ao encontro de tantos que precisam de todos nós. Nós, Leões. Nós, homens e mulheres deste país e de todo o mundo, que têm o mínimo de amor ao próximo.

Somente há pouco, todavia, nos ocorreu a ideia de divulgar os nossos serviços, mundo afora. Que nós não víamos divulgando. E eles aos milhares e milhares, prestados à Humanidade. 

Um dia, um presidente de Lions Clubes Internacional, todavia, chegou a dizer aos Leões do mundo: “Não permitam que o segredo continue. Utilizem os meios de comunicação para informar ao mundo o trabalho grandioso dos Leões.” 

Claro que a promoção será do trabalho do Movimento Leonístico. Do gigantismo desse trabalho. Todavia, ponderou o então presidente Mehta: “Não buscamos reconhecimento pessoal. Buscamos mais pessoas que se unam aos nossos Clubes para podermos ampliar os nossos serviços humanitários.”

Temos, portanto, que dizer ao mundo porque existimos. O que fizemos. O que fazemos. Enfim, os nossos serviços mundo afora.  

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

PARABÉNS, PREFEITOS! (06.10.2017) (VOLUME II)

Hoje, dia dedicado aos prefeitos e prefeitas do nosso país. Que são tantos e tantas. Como fazer, então, para abraçar a todos e a todas? Exequível a intenção? Óbvio que não.

São tantos e tantas nessa imensidão que é o nosso país. Mas, aqui, fica pelo menos sinalizado o desejo que nos move nessa hora: dar-lhes nosso abraço. Prestar-lhes nossa gratidão. Que ficam registrados nessas linhas.

Limitamo-nos, no entanto, a pensar naqueles que passaram por nossa cidade e, cada um em seu tempo, e dentro de suas limitações de caráter administrativo-financeira, tenha feito o possível para atender aos anseios de nossa gente. Que nem sempre é possível. 

Neste dia, portanto, nossos aplausos àqueles e àquelas que cumpriram e cumprem a missão a que esse dia dedica: dirigir os destinos de suas cidades. 

Aos prefeitos e prefeitas de nosso país, em particular, o de nossa cidade, cabe-nos dizer que não olvidamos de suas nobres missões em seu dia.  

Que de nosso canto nas atividades dos nossos dias a dia, torcemos que tudo caminhe bem. Que as gestões conferidas a vocês sejam as melhores possíveis, dentro das limitações de suas cidades porque, estas crescendo e se desenvolvendo, todos nós, munícipes, seremos beneficiários dessa realidade. 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

PARABÉNS, VEREADORES! (03.10.2017) (VOLUME II)

Estive, recentemente, na Câmara de Vereadores de Garanhuns. Lá, fui receber uma homenagem que me cobriu de satisfação. E, por que negar? De orgulho. A Medalha “Mérito Político”. 

Sempre fui um entusiasta da atividade política. Costumo dizer: desde menino. Naqueles idos tempos, era levado pelos meus pais, tios e irmão mais velho, Geraldo, aos encontros políticos da cidade. 

Pré-adolescente, eu presente em todas as ocorrências políticas. Nem eleitor era, mas o pulsar político era-me muito forte. Admirava e até idolatrava os políticos da época. Eles, nomes estaduais e nacionais. Eles, nomes da nossa cidade. 

Nunca, nessa minha trajetória, ouvira falar do que hoje tanto se fala. Tanto se ouve. Aliás, só se fala. Só se ouve.

Outro dia dizia a amigos: temos que reinventar e reconstruir a política em nosso país. E essa reinvenção/reconstrução só poderá ocorrer como na construção de nossa casa: de baixo para cima. Na atividade política, igualmente: partir dos menores da ascendência - os vereadores. E digo isso muito à vontade, porque fui vereador até pouco. E, confesso que carregava comigo o temor do nivelamento por baixo. De ser encarado na minha cidade como, hoje, se olha para o político. 

Não se procura, pelo menos, considerar que existe político e político. Hoje, via de regra, certos políticos, pelos malfeitos horrendos que praticaram, comprometem todos ou quase todos os políticos. Isso é muito ruim à atividade daqueles que exercitam política com seriedade. 

Alguém tem que partir à frente nesse combate, até porque - repito - fui um de vocês. Temos que enfrentá-lo. Salvemos, portanto, a nossa República. República Democrática. Sonho de todos nós. E que nos custou tão caro a sua conquista.        

Parabéns! Vereadores de minha cidade. Pelo seu dia. 

Vocês, dentre os políticos, são os mais próximos da população. Portanto, cabe a vocês o exemplo. Cabe a vocês fazerem a diferença. Queiram, portanto, neste seu dia, receber o meu abraço. Abraço que ratifica a minha admiração. A minha reverência a vocês.