
Disse-lhe: “Isso não é possível. É muito para mim. Que já vivo com dores pelas decepções e tristezas pelo que ocorre em nosso país. Agora, você me traz mais essa do nosso Centro Cultural e Teatro Municipal. Você sabe que aqueles monumentos são e sempre serão a menina de meus olhos, e de tantas pessoas da nossa cidade, que a conhecem e que a defendem.

Agora, posso assegurar-lhe: no pouco tempo em que passei como Secretário de Cultura da Cidade, a Estação vivia em estado de nova, em permanente manutenção. Os artistas que o digam. E penso que eles me fariam justiça.”
Conosco, o Centro Cultural, a Estação, abria nos três expedientes: pela manhã, à tarde e à noite. Edmar cuidava dele. E dele tinha muito ciúme. Talvez mais do que de sua própria casa. “Vamos receber o turista como ele merece, Givaldo. Principescamente, até em homenagem à Princesa Isabel e à vaidade de Garanhuns” - dizia-me sempre.
Cansei de flagrar Edmar, de mangueira na mão, ajudando a lavar as escadarias de acesso ao seu interior. Confesso: tenho saudade dele. Grande amigo! Ajudou-nos muito na gestão da Cultura de Garanhuns.
Instalamos a Secretaria de Cultura no interior daquele monumento, e o fizemos com a ideia fixa e a determinação de adequar as suas instalações às exigências de hoje, sobretudo no que diz respeito ao seu Teatro. Mas sabíamos que a ideia só poderia avançar se contássemos com a assistência de especialistas do Ministério da Cultura. E foi o que fizemos. Ficamos a pedir àquele Ministério a presença de especialistas em Garanhuns, o que ocorreu com a vinda do arquiteto Robson Jorge Gonçalves à Garanhuns para conhecer e emitir laudo sobre o nosso Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti e o nosso Teatro Luiz Souto Dourado. A partir daí... e só a partir daí... e estudado e discutido o laudo, daríamos início às obras de atualização desses patrimônios.
Ainda hoje, tenho em meu poder cópia do laudo sobre o nosso Centro e o nosso Teatro. Que aponta todas as suas necessidades. Já, na época, o laudo sugeria providências urgentes por parte da Secretaria. O laudo data de 06 de maio de 2008.
Estudamos, apresentamos e discutimos a peça, com muitos, na época. Que ficaram admirados com a iniciativa. E impressionados com as deficiências de nossos Centro e Teatro. Confesso que não foi fácil chegarmos, pelo menos, até aí. Devemos-lhe a um trabalho, da minha equipe, de muita perseverança e persistência junto ao Ministério da Cultura.
Marcos Freitas, teatrólogo, que faz falta à nossa cidade, acompanhava nossa luta de perto. E estimulava os que faziam a Secretaria, na época.
Fiquei muito triste com o material que o amigo trouxe às minhas mãos nessa última semana. Aliás, mais triste do que já estava. Muito triste! Contudo, com a esperança viva, que Deus me deu. E, essa conserva.
O Centro Cultural e o Teatro Municipal não merecem a situação em que estão mergulhados, quando não pela centenária Estação Ferroviária de nossa cidade, que já seria motivo de cuidado e zelo, pelo menos, sim, pelo menos, pelas homenagens que prestam a Alfredo Leite Cavalcanti e Luiz Souto Dourado, dois ícones de Garanhuns, que fizeram muito por nossa cultura.
A nossa Estação Ferroviária vem do Império. Dos tempos de Dom Pedro II e da Princesa Isabel. E foi inaugurada ao tempo de sua regência, com a presença de seu esposo, o Conde d'Eu, em Garanhuns. Todos sabem!
Cuidemos, portanto, desses monumentos. Eles fazem parte da nossa história, que tem que ser preservada.
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