terça-feira, 28 de março de 2017

TEMOR E INSEGURANÇA (VOLUME I)

Temo! Temo muito pelo nosso país. E esse temor me remete aos versos de Camões: “Que nos perigos grandes o temor / É maior vinte vezes que o perigo.” 

Tomara! E que seja sempre assim. Porque assim já ocorrera tantas vezes em nosso país. Mais temor que, propriamente, perigo. Perigos que passam. Perigos que se esvaem. Como tantos no passado. Passado recente. Passado remoto. 

E não me queiram pechar de estrabismo... Porque a história do nosso país é rica em saídas para crises. Minha resposta a estas está na ponta da língua: sou patriota. Acredito no meu país. E sou homem de muita fé. Sem embargo de também temer. Mas encorajado pelos desfechos das crises do passado.    

Pobre país... Tão rico e tão pobre. Rico e pobre a um só tempo. Pobre de homens públicos. Sérios. Probos. Republicanos. Vocacionados à vida pública. Vida pública na acepção da palavra: servir a todos. Essa a missão da vida pública. 


País rico e pobre. Rico em beleza. Rico em território. Rico em biodiversidade. Rico em potencialidade. Rico por sua gente boa. Contudo, pobre por seus homens públicos. 

Penso que nunca vivemos um momento tão difícil. Desde Dom João VI, em 1817, com a “Revolução Republicana”. Desde Dom Pedro I, em 1831, com sua abdicação e seu retorno à Europa. Desde Dom Pedro II, em 1889, com o “Golpe de Deodoro” e sua humilhante e injusta expulsão do Brasil. Desde Vargas, em 1930, com a chamada “Revolução de 30”. Ainda desde Vargas, em 1937, com a implantação do “Estado Novo”. Novamente, desde Vargas, em 1952, com seu suicídio. Desde Jânio, em 1961, com sua renúncia. Desde Goulart, em 1964, com o Golpe Militar. Desde Collor, em 1992, com sua deposição. Desde Dilma, em 2016, com seu afastamento e posterior deposição, para ficarmos só nesses episódios que causaram temor e insegurança à nação. Mas que a eles sobrevivemos.  



Estamos atônitos... Com aguda sensação de acefalia... Sem sabermos, a rigor, para onde caminhamos. Para onde vamos. Sem sabermos que destino nos espera. 

Pobre da Nação Brasileira. Nunca a vi tão triste... Acéfala ou quase acéfala... como em nossos dias. Não! Nunca! Desde menino, pré-adolescente, adolescente, e, hoje, maduro. 

Não! Nunca! Não! Nunca a vi. Nem nunca li nos livros que contam a nossa história.

Saída desejamos, e a queremos para logo. Porque a gente brasileira não pode mais suportar essa situação. O país parado ou quase parado. E a nação sofrendo, sangrando e envergonhada, sendo alimentada em seus dias a dia, só, e tão só, por notícias ruins, ou, quando não, péssimas! E, com efeito, tristes, muito tristes, vergonhosas, decepcionantes... até asquerosas. 

Estou decepcionado e triste, assim como toda a nação brasileira. Em nossos dias, só escândalos e mais escândalos. Roubalheiras e mais roubalheiras. Verdadeiras endemias, sem limites. Só!

No meu entendimento, só há uma saída para esse pesadelo em que vivemos: a punição exemplar desses irresponsáveis e criminosos.  Extirpando-os da vida pública porque, para ela, eles não servem. E, certamente, nunca serviram.  

Os números dos assaltos aos cofres públicos são deveras estratosféricos. Inimagináveis. Muito além, anos-luz, dos limites de nossa imaginação. 

A falta de honestidade se implantou em nosso país, justamente por aqueles que podiam e deviam dar o exemplo, enquanto nossos mandatários.

Hoje, já não se sabe que político é honesto. A gente quer apostar em um ou outro e, de repente, ele aparece nos noticiários. E pior: no final das contas, quem vai pagar a conta é a Nação Brasileira.

Ah! Se a Nação Brasileira tivesse em mente as palavras de William Henley, e delas fizesse prática: “O tempo passa / e ainda assim / sem medo em mim / nada me assombra / Nem o vão tão fino / Nem o mau decreto que me empalma / Sou o senhor do meu destino / Sou o capitão de minha alma.” 

Penso que seria por aí que poderíamos ser outra nação, respeitada por aqueles que desejam ser os nossos timoneiros do futuro. Futuro que estimo próximo.  

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