domingo, 20 de dezembro de 2015

É O NATAL LUZ! É O ANO NOVO! É O JAZZ FESTIVAL! (VOLUME I)




Acordo. Ainda é madrugada. Percebo que só um dos meus olhos a aprecia. O outro parece pedir mais um pouco de repouso. Até por minhas compulsivas leituras, noites adentro. Pede o outro, mais um pouco de deleite. Só o outro? Só um deles?

No que pese a isso tudo, levanto com a ideia fixa de que tenho que partir à luta. E feliz da vida por sentir avanços. Avanços, apesar de tudo... Apesar dos pesares... Digo a mim mesmo: hei de vencê-los com as armas de que disponho e que Deus me deu: meu entusiasmo pelo trabalho, a que chamo de minha terapia. Meu êxtase. Talvez, únicos. Que agradeço ao Senhor, sem reclamações que nunca me ocorrem. 
Afinal, para que lamentar-me? Tenho sim, muita reverência a Ele. E com muita fé no amanhã. Milagre divino. Sempre renovado. Quem viver verá.

Levanto-me, e vejo que a cidade amanhecera coberta de névoa. Cinzenta. E, já desperto, de olhos bem abertos, lembro-me que já é dezembro. Que estamos vivendo a beleza do “Natal Luz” da cidade. Que não pretende ser o maior do planeta, mas que lutará com a força de cada garanhuense para ser, um dia, o maior do Brasil.

Já no escritório, cuido das minhas tarefas.  Chega a noite. E, com ela, a garoa que vai virar a madrugada. 

Bate-me, de repente, lembranças de anos passados. Ocorrem-me: fora à Igreja. À Matriz de Santo Antônio. E, nela, o nome: Matriz. Este é o nome, digo, que dará azo a outro nome: Matriz Center. Em gestação. Em obras. Reverência a ela: Matriz. Matriz de Santo Antônio. 

Hoje, volto à mesma Matriz: a Matriz de Santo Antônio. Faço minhas orações. E, de coração leve, parto... Parto para conferir a grandeza da magia de minha cidade. Não, sem antes me lembrar de suas missas aos domingos, estas celebradas pelo Monsenhor Tarcísio Falcão, que também fora meu professor. E, também, para dar uma olhadinha a outro local de igual importância, denominado matriz: Matriz Center. Este por mim entregue à minha cidade em 1987. Aquela, por nossa Igreja, no já distante 1859.    

Vivemos o mês de dezembro, e a cidade continua frienta como se vivesse o mês de julho. Como se estivesse ainda a saudar o seu inverno. 

Lembro-me de palavras expostas em parede do Palace: “A cor de chumbo das nuvens dos meses de maio, junho e julho parece que se repete nessa madrugada de dezembro, e de outras, indicando colidir com os tímidos raios solares, que apontam à crença de emanarem de mãos divinas, sendo lançados sobre minha cidade” - escrevera-me, outro dia, um amigo que prezo, deixando meu espírito nas nuvens e tomado de satisfação. 

Os pardais, com suas asas molhadas, cortavam o céu no início dessa manhã e da maioria dessas manhãs desses dias de dezembro como se quisessem anunciar o nascer de um dia esplendoroso, que só veio, e que só vieram bem mais tarde. Por esses dias de dezembro, tamanhas as trovoadas que desabaram dos céus divinos que, de repente, tive a sensação que estivéssemos vivendo dias de nossos invernos.

Pensei ainda: “É o Natal que se aproxima, e as chuvas dessa madrugada estão a saudar a proximidade do nascimento do menino Jesus. É o Natal que se aproxima... Que ainda se aproxima, e nós já estamos a saudá-lo com uma programação que aponta para o que serão os Natais que hão de vir em nossa cidade”. Natal e Ano Novo. Ano Novo e Jazz Festival. Este que se sagrou... Este que se notabilizou... Como a cara de Garanhuns. Pela ousadia de sua gente. Pela coragem de seu povo. De transformar o tríduo momesco em um grande Festival. 


Em mais um Festival de Garanhuns. Da terra “Onde o Nordeste Garoa”, como disse o poeta. Ou da “Cidade dos Festivais”, como diz a paixão garanhuense. Que recebe milhares de turistas de todo esse Nordeste, que vibram com Garanhuns porque o Jazz diz alto, lá fora, que no Nordeste não só existe seca, fome, miséria... Mas que aqui existem também clima, cultura, atmosfera... E apaixonados pelo que há de melhor em manifestações culturais no mundo. Que Garanhuns, no tríduo, se transforma na capital internacional do Jazz, fazendo lembrar àqueles que para aqui acorrem, o mundo artístico-cultural de cidades como Nova Orleans, Chicago e Nova York, nos Estados Unidos.  

De repente, por conta das trovoadas, a destempo, a cidade fica sem internet.  Serão as chuvas de dezembro, querendo anunciar que, em pouco tempo, chega o nascimento de Jesus Cristo? Sim, o Natal? 

Penso de novo: “Como eram nossas conversas, lá atrás, sem essa maravilha... Sem esse milagre... Ou quase milagre humano, chamado internet?”


Imagino que por isso nasciam tantos.  Hoje,  poucos. Como ou quase como na China. E, quando nascem, os anos já decorreram.

Não. É Natal. E com ele, já, já, o Novo Ano. E... Ato, quase contínuo, o Garanhuns Jazz Festival. 

Salve Garanhuns! Por isso que não quero nunca sair de minha cidade. Porque ela é valente. Ousada. Ambiciosa... Porque ela tem foco. Diria, até, focos... Que a alimentam. E que lhe apontam para o futuro. 

Meu Deus! Tenho que ir trabalhar...  Apesar de ser Natal. Apesar de ser Ano Novo. Apesar do Jazz que se aproxima.

Tenho que ir trabalhar. Tenho que ir ajudar a receber como reis e rainhas, no mínimo como príncipes e princesas regentes, àqueles e àquelas que chegam à cidade. Já estou com os dois olhos bem abertos... Mas sem internet? Como hei? Mas vou. Pelo menos trabalho com o milagre da vida. E esta foi Deus que me deu. E só Ele pode me tirar. Só Ele!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

35 ANOS SEM JOHN LENNON (VOLUME I)

Há exatos 35 anos, em 08 de dezembro de 1980, o mundo perdia um grande ídolo da música: John Winston Ono Lennon. Tinha apenas 40 anos. Fora ainda vivo, estaria com 75 anos. Contudo, sobrevive à sua morte até hoje e, certamente, por muitas e muitas décadas, ainda. Ou, quem sabe? Séculos... Homem que recebeu, in memoriam, uma Estrela da Calçada da Fama em Hollywood, em 30 de setembro de 1988. Que foi o 8º entre 100 dos mais importantes britânicos de todos os tempos, conforme pesquisa da BBC de 2002. Que foi considerado o 5º melhor cantor de todos os tempos, em 2008, conforme pesquisa da Revista Rolling Stone.  Também, em pesquisa desta mesma revista norte-americana, foi considerado o 55º melhor guitarrista de todos os tempos. Compôs clássicos como “Help!”, “Revolution”, “Come Together” e tantos outros, em parceria com Paul McCartney, desde sua querida Liverpool. Já em carreira solo, presenteia o mundo com “Imagine”, “Give Peace a Chance”, esta contra a guerra do Vietnã e em favor da paz mundial, mas  que quase custou a sua deportação dos EUA. E tantas e tantas outras.

Lennon, que pregava a paz entre os homens, a sua bondade, a sua tolerância, enfim, o respeito entre todos os homens do planeta, foi, exatamente, vítima de tudo o que pregava e sonhava para um mundo melhor e mais feliz, naquela noite de 08 de dezembro de 1980, na entrada de sua residência, no Edifício Dakota, bem em frente ao Central Park, na cidade de Nova York.

Com apenas 40 anos de idade, o mundo perdeu John Lennon. Mas ele continua vivo... Sim, em nossas lembranças. Sim, dentro de nossos corações..., através de suas imortais canções, como “Let it Be”:

“E nas minhas horas de escuridão
Ela está em pé bem diante de mim
Dizendo palavras sábias 
Deixe estar
Sussurrando palavras sábias
Deixe estar
Haverá uma resposta
Deixe estar
Brilhando até de manhã
Deixe estar
Chega de tristeza
Deixe estar”

Oh, Lennon, como você nos faz falta! E, já passados tantos anos... Mas o seu olhar angelical. O seu jeitão humilde - no que pese tudo referido, mas muito menos do que se deveria. Seu gênio poético e musical, a gente não consegue esquecê-lo. Sobretudo, a geração que acompanhou os seus sucessos desde a sua Liverpool. Desde? Não! Todos que o viram e seguiram desde aqueles tempos. E todos aqueles que vieram depois. Até as gerações mais recentes, e outras que ainda virão. 



A sua morte nos encoraja a seguir o seu exemplo ímpar como apologistas da paz entre os homens de todo o planeta. Sua morte, ao invés de nos desencorajar, nos enche de força na defesa inegociável dessa paz de que precisamos tanto, sobretudo quando as barbáries se sucedem em progressão geométrica em nosso dia a dia. 

O mundo hoje, Lennon, parece se unir à sua memória para dizer: Basta! Basta de guerras! Basta de assassinatos!  Basta de desassossegos! ... O mundo não tolera mais selvagerias. O planeta não mais admite a luta do homem contra o homem. E seja a que título. Político. Religioso... 

Praticamente adolescente... Apenas aos 40 anos de idade. Que estupidez! Que barbaridade! Que prejuízo à humanidade aquele monstro nos conferiu.

Para nós, Lennon, você ainda vive. E viverá. Porque daqui, de onde você se foi, continuamos a declamar seus versos:

“Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia você junte-se a nós
E o mundo será como um só”



sábado, 5 de dezembro de 2015

GENTE FIDALGA (VOLUME I)

Recebo, do imortal amigo Djalma Carvalho, um texto que faz referência à minha cidade e a mim. À minha cidade, por dever de justiça. A mim, por elegância fidalga. Indizível elegância fidalga desse cronista emérito e grande amigo. Texto próprio de pessoas como Djalma, afeito ao rigor do ensino de sua Santana do Ipanema. Cidade que tanto ama. Que tanto venera.

Como não compartilhar um texto desses com minha cidade? Com leitores mil. E todos ávidos por uma boa leitura? 

Ei-lo:

“Acabo de receber exemplar de ‘O Columinho’, simpático semanário de Garanhuns, edição de 17/10/2015, em que se acha publicada minha crônica ‘Festivais entre Colinas’, gentileza do prezado amigo Givaldo.

A publicação, além do destaque que recebeu, foi enriquecida com nossa foto, colhida no amplo e elegante interior do Restaurante Columinho, de seu Palace.

Obrigado pelo envio do jornal e por suas generosas palavras a respeito das minhas veleidades literárias, como cronista provinciano.

Concordo com Ronildo Maia Leite, cronista-poeta, que disse: ‘O céu existe entre Sete Colinas. Garanhuns é de lá!’

Pernambuco sempre foi celeiro de excelentes cronistas, como Mário Melo, Aníbal Fernandes, Valdemar de Oliveira, Mauro Mota, Hermilo Borba, entre tantos outros.

Garanhuns é cidade encantadora e acolhedora.

Sou admirador de sua cidade, Givaldo.

Na verdade, a matéria-prima do cronista é, principalmente, os recortes do cotidiano.

Com razão, pois, o saudoso poeta português Fernando Pessoa.

Afrânio Peixoto, em seu livro ‘Notas de Teoria Literária’, escreveu: ‘A crônica é na essência uma forma de arte, arte da palavra, a que se liga forte dose de lirismo. É um gênero altamente pessoal, uma reação individual, íntima, ante o espetáculo da vida, as coisas, os seres’.

Trato desse gênero ensaístico em meu livro que acabo de editar (Mormaço, Calor e Chuva), cujo lançamento está previsto para 02/12/2015, em minha Santana do Ipanema.

Você e Emília receberão, em primeira mão, um exemplar dele quando estiverem em Maceió na próxima semana, em encontro do Lions.

Finalmente, eu e Rosineide somos gratos a você pelas suas elogiosas e amáveis palavras. E a ambos, a você e a Emília, pelos melhores gestos de amizade e hospitalidade com que sempre nos dispensaram.”


Djalma se esqueceu de dizer que em dezembro vai estar conosco, novamente. Que vem conferir o nosso Natal. Ele, que sempre vai ao Natal de Gramado, esquece esse ano de Gramado, e vem com a família e muitos amigos à “Cidade de Simôa”. Que se esforça para fazer um grande Natal para tantos, como Djalma, do alto de sua imortalidade, enquanto acadêmico nas Alagoas. 

Djalma, você não precisa mais ir tão longe. Daqui, você vai desfrutar, a um só tempo, do nosso Natal Luz, deveras... E sentir o aroma típico de Garanhuns, cidade “Onde o Nordeste Garoa.” E pertinho de sua Santana do Ipanema. Da sua Alagoas. 

Aguardamos-lhes, Djalma! Você, a sua Rosineide e os seus amigos. E, aqui, vocês hão de fazer uma grande amizade com os garanhuenses, conquanto serão recebidos como reis e rainhas. No mínimo, como príncipes e princesas reais.

Essa é a marca dos garanhuenses, na certeza de que ano que vem vocês possam, com mais tantos alagoanos, voltarem à nossa cidade, que é um verdadeiro misto de beleza e encanto.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

PROBIDADE E CORAGEM (VOLUME I)

Ainda não era eleitor, mas participei ativamente ao lado de tantos colegiais da época, eleitores e não eleitores, como eu, da campanha com vistas às eleições de 18 de agosto de 1963.

Isso já nos remete ao “Mercado 18 de Agosto”, inspiração de Amílcar da Mota Valença, nas suas andanças pelos Estados Unidos da América, trazida à então província de Garanhuns. 

Naquelas eleições (1963) ele se insurgia contra aqueles que se julgavam “donos” da cidade: prefeito, governador, presidente e deputados. Estes, só da cidade, três. De algures, indizíveis. “Vamos para Garanhuns derrotar aquele matuto insurgente”, diziam. Resultado: por ter traduzido os anseios da população “matuta” da cidade, tornou-se o seu prefeito apesar de todo aquele aparato político, que, nas ruas, se portava com arrogância, conquanto se julgava verdadeira “máquina eleitoral”. Imbatível.  De impossível enfrentamento. Por isso as ameaças explícitas no sentido de querer machucar, humilhar, subjugar e maltratar os homens e mulheres de bem de Garanhuns. A vitória do povo, no entanto, foi arrasadora. A derrota daqueles “poderosos” da época, acachapante.


Em 15 de Novembro de 1968, a vitória foi mais contundente ainda. Até pelas circunstâncias da época. Os generais e os coronéis não aceitavam o candidato lançado e apoiado por Amílcar da Mota Valença. Mas ele e o povo de Garanhuns o fizeram seu prefeito - Luiz Souto Dourado que era candidato pelo MDB. Portanto, partido de oposição aos governos do estado e da união. Luiz Souto Dourado tinha um grande defeito, diziam: “É que fora Secretário da Justiça do ‘comunista’ Miguel Arraes de Alencar.” Quem sabe se, por isso, os generais e os coronéis não o queriam e não o credenciavam para ser o nosso prefeito.

Em 15 de Novembro de 1972, muito mais pelos seus atos de bravura, de coragem e de independência política do que pela sua gigantesca obra, realizada no seu primeiro mandato, ele, Amílcar da Mota Valença é eleito prefeito de Garanhuns mais uma vez, porque, para ele, como para Mahatma Gandhi, passava em julgado princípios inalienáveis em política e porque, ainda, teria durante toda a sua vida se identificado com os ricos e com os pobres, com os brancos e com os pretos, com os letrados e com os iletrados da sua cidade. Prática que exercitava de forma muito tranquila e espontânea, a ponto de ter o respeito e admiração de comunistas da cidade, adversários seus, que chegaram a considerá-lo como o mais “comunista” dentre os políticos da sua época, por conta de sua efetiva proximidade e ação em defesa das camadas mais carentes de sua gente. E, também, por sua conhecida probidade frente ao erário público. 


O trabalho de Amílcar, nesse particular, bem que poderia servir de exemplo àqueles que fazem militância política, sendo, portanto, positivamente, intemporal.      
Em 15 de Novembro de 1976 ocorre quase uma repetição do que ocorrera em 1963 e em 1968. Amílcar da Mota Valença teve que repetir os seus gestos do passado e, de novo, com bravura, coragem e independência, contra um sistema organizado e orquestrado, elege como seu sucessor, um amigo, para quem, um dia, dera a palavra: Ivo Tinô do Amaral. Justamente ele que, como Amílcar, enfrentou o episódio histórico de 1963. Com isso, ratifica o seu respeito aos princípios de palavra, da honradez e de honestidade na política. 
Para as eleições de 2012, Amílcar da Mota Valença, também esteve ao lado do povo de Garanhuns, dando “não” àqueles que pensaram humilhar, subestimar e subjugar nossa cidade, impondo uma candidatura contra os nossos interesses e tradições.
Esses episódios da vida de Amílcar da Mota Valença o engrandeceram e me orgulham e, tenho certeza, também, a gente garanhuense. 
Como minhas filhas - suas netas, quero dizer: “Que  Deus  o abençoe! Foram 98 anos vividos intensamente.” 
A tudo isso, assisti de perto. Lá atrás, como simples colegial. Sequer eleitor, já o disse. Mais adiante, como eleitor. Militante político. E, depois, já como seu genro. Que trazia, como traz ainda, a ideia de que se deve ser, suficientemente, livre para discordar e concordar. A ideia de que política se faz conversando. Respeitando o contraditório. E tendo a felicidade de, um dia, um sonho lá do passado, fruto de muitas lutas e pedidos, ser realizado, como a rodovia que une a sede do Município de Garanhuns ao Distrito de São Pedro. Sonho que acalentou durante toda a sua vida, até porque, lá, viveu. Mas que deixou para a posteridade a tão sonhada rodovia, que não a conheceu, e que leva o seu nome: Rodovia Amílcar da Mota Valença.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

COMO REIS OU PRÍNCIPES REGENTES (VOLUME I)

Li no Jornal “O Columinho”, semanário de Garanhuns, edição 35, de 17.10.15, crônica do amigo Djalma Carvalho que trata do seu cotidiano em nossa cidade ao longo de sua última estada por esta “Cidade de Simôa”, durante o XXV Festival de Inverno de Garanhuns. 

Crônica para ler e tornar a ler. E, depois, ler novamente, tamanha a gostosura. E, sobretudo, o orgulho que nos confere por vivermos nesta cidade maravilhosa de Garanhuns.  

Penso que pelo teor de crônica, inspiração do Companheiro e Amigo, o imortal Djalma, ele teria conquistado corações dentre tantos garanhuenses que apreciam esse gênero literário. O cronista, sabe ele, é o mais livre de todos os redatores. Por isso que autêntico e sincero. E ele foi, positivamente, livre em suas linhas que textualizaram sua bela e encantadora crônica que encerra um verdadeiro hino de Amor à nossa “Suíça Brasileira”. Levando-nos a dizer, tenho certeza que em nome de tantos daqui: somos-lhe gratos pelas palavras. E que nos leva, ainda, a lembrar do grande Rubens Braga, que não quis ser outra coisa além de cronista. Quem sabe, até porque sabia, como o poeta, que o cronista é, sobretudo, um fingidor na acepção e na medida traçada por Fernando Pessoa: 

“Finge tão completamente, 
que chega a fingir que é dor. 
A dor que deveras sente.” 

O que Fernando quis dizer com sua assertiva? “Se um poeta pode fingir, mais fingidor ainda pode ser o cronista, que convive com o imediatismo do dia a dia”, na leitura de outro grande cronista, este, nosso, daqui, dos nossos sertões pernambucanos, de seu Pajeú, Magno Martins.  E, na minha modesta opinião: porque espontâneo. Absolutamente à vontade para contar o seu cotidiano, consoante seus sentimentos.  


Disse eu ao amigo Djalma: “Ocorre que essa conquista de que falei poderá ou irá conduzi-lo a irremediáveis demandas. Demandas de estar sempre voltando às nossas ‘Sete Colinas’. Colinas que, no passado, foram recantos de tantos apreciadores da boa literatura.” De onde procuravam inspirações como a que deu azo a lapidar sentença do Ronildo Maia Leite: 

‘O céu existe entre Sete Colinas.
 Garanhuns é de lá.’ 

Hoje, talvez nos faltem esses poetas cronistas entre nós, ou cronistas poetas entre a gente. Daí, com seu despertar - fui enfático a Djalma - a gratidão de Garanhuns. E Garanhuns gosta de ser grata com quem a reverencia. Por que não dizer? Com quem a ama.”
    


Na esperança de que Djalma e muitos outros Djalmas retornem à nossa cidade em breve, coloco-me ao dispor de todos eles, e da forma mais hospitaleira que o garanhuense pode, e deve, conferir a quem a admira. E deve. Pelos registros de suas crônicas e pelas impressões positivas sobre nossa cidade, tratá-los-ei como reis. No mínimo, como príncipes. Ou, ainda, já com expectativa de reis. Sim! Príncipes regentes. Mas, na certeza de que assim fazendo, tratando a todos, cosmopolitas ou limitados ao seu torrão, para nós que aqui vivemos, o que se sobressai são aqueles que nos veem com respeito, e tenham o mínimo de reconhecimento do que representamos no contexto das cidades belas do interior deste país, sabedores, antemão, que somos e continuaremos sendo, para sempre, a verdadeira “Suíça Brasileira”, título do qual não se abrirá mão, conquanto conferido pela natureza e pelo trabalho de anos dos homens e das mulheres garanhuenses.     

sábado, 24 de outubro de 2015

MENINO É O PAI DO HOMEM DE AMANHÃ (VOLUME I)

Acabo de receber dois vídeos de meu netinho Lucas, que mora com os pais, em São Francisco. O primeiro, enviado pelo meu genro, Justin. E o outro, por minha filha, Germana. Justin me encaminha de São Francisco. Germana, de São Paulo, cidade em que se encontra, a serviço da empresa em que trabalha.


Vejo e revejo repetidamente esses vídeos. Coisa de avô saudoso, que procura matar um pouco a saudade dos seus netinhos distantes, vendo fotos e vídeos que chegam todos os dias ou quase todos os dias, aqui, na longínqua “Cidade de Simôa”. É a maneira que tenho para acompanhar o crescimento desses nossos descendentes, ausentes que estão por conta do destino a que nos impõe a vida. 


Lauro Müller dizia que “Avô é pai sem exigências. E avó, mãe com açúcar”. E tudo pelo apego deles a seus netinhos. Sem exigências. Com açúcar. Apego, sem embargo, evidentemente, do apego que têm, prioritariamente, seus pais, mas, certamente com exigências e com pouco açúcar ou quase nenhum. Mas com muito amor. Igual ou superior ao dos avós.    


Começo a imaginar como era, no passado, a vida dos avós, distantes de seus netinhos. Como eles os acompanhavam em seus dias a dia. Seus crescimentos, desenvolvimento. Devia ser muito sofrida, dura... a vida daqueles avós. Como suportavam a angústia pelas notícias? Mais que notícia: por alguma foto que lhes desse a ideia de como andavam os seus netinhos. Os seus “mais que filhos”. Os seus “filhos ao dobro”. 

Hoje, na nossa era digital... Que maravilha! Até em tempo real, temos tudo às mãos. Na hora. Aí o nosso consolo. Aí, sim! A nossa alegria. 

Apesar de não tocá-los... Apesar de não abraçá-los... Apesar de não beijá-los...  A alegria de estarmos vendo-os, e até falando com eles pelos recursos que as redes sociais nos oferecem é tamanha e incomensurável.

Outro dia, disse a um amigo: “Deveríamos dar um prêmio àquele pessoal do Vale do Silício que inventou as redes sociais. As redes e seus progressos. Seus derivados. Seus avanços. Que não param. E dizia como se o homem já não o houvesse feito. Ora! Ora! Já não houvesse consagrado todos esses gênios desses magníficos e incomensuráveis inventos”.    

Netos são presentes que Deus nos confere, renovando presentes de lá de trás: nossos filhos. Netos são como se a gente pudesse avocar a vida a cada instante das nossas vidas. Eles têm um verdadeiro poder restaurador em nossas vidas. Conduzem-nos para bem atrás do que hoje somos. Leva-nos à nossa adolescência. À nossa infância. Mais fortemente até quando não os vemos no cotidiano. Quando não temos uma vida em comum. Todavia, intermitente. Conquanto distantes por desígnios da vida. Essa, a realidade minha e de Emília, longínquos deles.

No que pese, temos em mente o que o poeta dizia: “O menino é o pai do homem”. E cremos deveras nessa acertiva. E, por isso, torcemos por uma boa educação e por uma sadia orientação de nossos netos. Como - pensamos - procuramos dar aos nossos filhos, pais de nossos netos. E por mais que saibamos que isso vem acontecendo, sem exigências e com açúcar, embora de longe, queremos conferir tudo. Absolutamente tudo. Ou quase tudo.

De repente, enquanto alinho essas linhas, Emília, que está no Recife, partiu hoje, cedinho, para matar a saudade de nossos netinhos que vivem por lá, me liga e diz: “Eu, Guilherme e Gabriela jantamos juntos. E Gabi ficou para domir comigo”. Que ciúme! 

Fiquei com uma pontinha de ciúme, malgrado os versos de Shakespeare na minha cabeça a dizer: “Meu Senhor, livrai-vos do ciúme!” E por mais que digamos que não o temos, essa é a hora em que nos traímos. E ei-lo em nós.  



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

MEU QUERIDO LAR FAZ 100 ANOS (VOLUME I)


Estive presente à solenidade de lançamento da Programação do Centenário do “Templo Sagrado de Luz e Saber”.

Confesso que fiquei emocionado ao cantar, com os presentes, o Hino do “Querido Lar”.


É que, de repente, voltei ao ano de 1965 quando, presidente do Diretório Estudantil do “Gigante da Praça da Bandeira”, eu participava, enquanto aluno, do desfile de 12 de outubro de seu cinquentenário.


De repente, ainda, veio-me a lembrança de um colega meu da velha Faculdade de Direito do Recife, José Paulo Cavalcanti Filho, autor de uma obra magistral, singular e densa sobre Fernando Pessoa. Que Zé Paulinho, no seu esforço literário, intitulou-a de “Fernando Pessoa - uma quase autobiografia”. E parece mesmo, tamanho o empenho dele em traduzir, com exatidão e riqueza, a vida do grande poeta português.  Na obra, numa passagem, ele se refere a Miguel Torga, que foi apanhador de café dos 12 aos 25 anos. Que escreveria, mais tarde, lembrando aquele passado:

“Há quanto tempo já te deixei
Cais do lado de lá do meu destino.

Os versos de Miguel martelavam a minha cabeça. Era como se eu os tivesse escrito. E eu os pronunciava baixinho, na medida em que adentrava àquelas portas, pensando nos bons tempos de minha adolescência. Que não voltam mais.

De repente, toda uma vida pregressa me vem à mente. Os meus anos na Escola de Dona Dulcina Coelho, lá, na Avenida Santo Antônio, hoje, Shopping Center Brasil. Criança, ainda, no aprendizado das primeiras letras. Depois, lá, na Escola de Dona Geraldina Miranda, na antiga Rua do Recife, Dr. José Mariano, hoje. No “pulo do gato”, que dei ao enfrentar o exame de admissão ao Ginásio, à revelia de Dona Geraldina - cursava eu o terceiro ano primário. A minha aprovação no exame ao Ginásio, e o meu entusiasmo por estar entrando, como aluno, no “Gigante da Praça da Bandeira”.

Do Ginásio, histórias infinitas a contar. As aulas de educação moral e cívica, formadoras de cidadãos, do Mons. Adelmar da Mota Valença - mais tarde, o Tio Padre, como o chamava em família. Dos desfiles, que não perdia, dos dias 7 de setembro e 12 de outubro, este em homenagem ao aniversário do Colégio. Dos colegas dos cursos ginasial e clássico que tive - muitos que se foram, já faz algum tempo, de forma precoce. Da formação de meu caráter. Do despertar do meu espírito público, que muito me honra, e muito me orgulha. De minha participação nos embates políticos, de forma destemida, solidária, corajosa e franca. Tudo, eu, ainda muito jovem. E à espera da maioridade para poder votar.  
Ah! Como me lembro daqueles tempos! A eles devo tudo o que sou hoje. Deles, peço sempre a Deus nunca me afastar. 
Da solenidade de lançamento da programação do Centenário do “Querido Lar” e da Missa de Ação de Graças pelos 100 anos de sua fundação, confesso que saí de lá em estado de graças. Pela profundeza das recordações. Pelo reencontro com muitos... Muitos amigos. 
   
Disse a mim mesmo: “Vou cumprir toda a programação desse centenário, ou quase toda, pensei, devido às minhas múltiplas atividades.” E o fiz ou estou fazendo. Presente a todos os eventos ou quase todos eles. Feliz e distinguido. Distinguido pelo Senhor. Sim, porque, aqui, estive nos festejos de seu cinquentenário, e jamais imaginei que estaria nos festejos de seu centenário. E aqui estou. Maiúsculo. Saudável. Forte. Cheio de saúde. E sentindo aquelas mesmas emoções que sentia, lá atrás. Cinquenta anos passados. Ah! Meu Deus! Muito obrigado! A Sua bondade é infinita. A Sua bondade que me motiva ao trabalho. Trabalho que me gera prazer. Prazer que faz crescer minhas amizades com tantos e tantas. Amizades que renovam meu desejo de servir cada vez mais. Inclusive à minha cidade. Cidade em que recebi o meu batismo, na minha querida Igreja de São Sebastião da Boa Vista. Cidade em que aprendi as primeiras letras. Cidade que me viu criança, pré-adolescente e adolescente. Cidade em que vi meus filhos crescerem e se educarem. E que ainda hoje, me acolhe e acolherá até meu último suspiro. 

Chega perto o dia 12, quando teremos a nossa Missa de Ação de Graças pelo nosso nascimento. Nascimento do Ginásio de Garanhuns, nosso eterno Ginásio. Antes, contudo, no dia 11, estaremos todos pelas ruas e avenidas da cidade, orgulhosamente, dizendo de nosso amor pelo “Gigante da Praça da Bandeira”, na certeza de que o nosso orgulho se confunde com o orgulho da população de Garanhuns. Sim, porque feliz e orgulhosa é a cidade que tem um educandário como o Colégio Diocesano de Garanhuns.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

PALACE - 25 ANOS (VOLUME I)



Empreender é empresa difícil. Muito difícil! Há quem diga, até, que em um país como o nosso, empreender é um suicídio. No mínimo, um devaneio, um delírio... Porque inacessíveis os incentivos que dizem existir. Porque impossível satisfazer a ganância tributária do Estado. E, por cima, ainda, o tempo que se perde com os atores de gestos, olhares e práticas avarentas e traiçoeiras daqueles que só pensam no ganhar fácil. Sem esforço... Em desprezo ao trabalho decente, honesto sério... E ao poder da imaginação criadora. Daqueles que bancam iniciativas que geram emprego e renda para dezenas. Centenas. Milhares... De homens e de mulheres que se dispõem a produzir. A construir um futuro melhor para todos.


Lá atrás, quis dar um presente à minha cidade. Sim, presente, através da construção e operação de uma Unidade Hoteleira. Pensava, como ainda hoje penso, e cuido que vou continuar pensando: A1 - que a cidade tinha tudo para retomar o seu destino turístico, existente nas décadas de 1960 e 1970, até metade da década de 1980; A2 - que a cidade tinha tudo para alavancar sua vocação turística. Esta, tábua, ou mais uma delas, sendo ela, a mais forte, para sua alavancagem econômica; A3 - que a cidade tinha tudo, em paralelo, que melhorar e ampliar seus atrativos turísticos; A4 - que a cidade tinha tudo que ampliar e reciclar seus receptivos; A5 - que a cidade haveria de conceber festivais e diversões como meio de conquistar e reconquistar aqueles que a ela possam aportar como aportavam no passado; A6 - Que, portanto, diante da cristalização dessas ações, a cidade deveria partir à defesa do resgate e inclusão de seu nome no cenário dos grandes destinos, pelo menos, dentro do Norte e Nordeste brasileiros.


Teria eu feito pesquisas e análises econômico-financeiras para decidir pela empresa? Mas claro que sim! E, ademais, tudo ou quase tudo que deveria fazer. E digo: hoje, passados 25 anos, posto que aquelas pesquisas e análises não tivessem sido favoráveis à iniciativa, decidi, no que pese, pela execução do projeto, penso que no sonho do avanço da cidade ao encontro de sua vocação. 


Teimei! Decidi investir. E parti, com todo vigor, à empresa.

Confesso que foi duro. Muito duro! Como fora para tantos daqui e algures. Naquela época. Anterior a ela e a ela posterior. Mas, hoje, confesso: não me doíam tanto aqueles empecilhos que se renovavam e se robusteciam nos dias a dia da minha caminhada. Não me doía a ausência do governo. Que, se não ajudava, poderia, ao menos, incentivar. Pelo menos, saudar a chegada de uma iniciativa privada na cidade. Iniciativa essa de que Garanhuns estava a sonhar. E que viria para enriquecê-la melhor. Enfim, aplaudindo-a. Saudando-a... Posto que sem citar seus atores. Para que, afinal? O que me doía mesmo era a presença de opiniões não solicitadas... Sim! Não solicitadas! Imbuídas de olhares e de práticas de avareza... De pessoas pequenas e mesquinhas, incapazes de um gesto sequer de decência e de defesa de sua cidade e da sua gente. Esses, sim, doíam-me porque partiam com a intenção... De me arrefecer. De me sufocar. De me destruir... Anulando meu entusiasmo e disposição à luta. Luta que sempre esteve comigo desde minha pré-adolescência e adolescência. Adensada pelo tempo pelas graças de Deus. Enfim, meu sonho de querer enxergar, amanhã, a minha cidade maior e mais completa. Porque mais moderna. Porque mais contemporânea.



No que pese tudo isso, fui em frente. E, hoje, posso dizer que o Palace está pronto. Ou como sempre me diz uma grande amiga que comigo divide meu entusiasmo por Garanhuns: “prontinho” para receber bem e melhor (como se impõe. E deve!) àqueles e àquelas que aportam em nossa cidade.

O Garanhuns Palace Hotel está pronto e premiado. Pronto em sua estrutura.  Premiado por seu cuidado. Por seu esmero... Para com aqueles e aquelas que apreciam hospitalidade. E, esta, trabalhada com excelência. 

Bodas vieram nessa caminhada... Muitas!

Bodas. Bodas. E Bodas... Era a palavra que mais ouvia da minha equipe quando da concepção, formatação e nascimento do Palace. Palavra até hoje ouvida e celebrada. Parecendo dizer que a empresa teria e terá vida longa.  Para o bem da cidade. Alegria de seus investidores. E, quem sabe, sobretudo, em resposta àquelas opiniões não solicitadas. Portanto, indesejadas.  
 
E caminhamos pelo tempo, passando por elas. Bodas de Madeira, aos 05 anos; Bodas de Estanho, aos 10 anos; Bodas de Cristal, aos 15 anos; Bodas de Porcelana, aos 20 anos. E, naqueles 20 anos, eu dizia, deixando gravado em seu piso Quilombo (cada piso e cada ambiente do Palace saúda Garanhuns). E Quilombo é uma das Sete Colinas de Garanhuns:

“É com essa alegria que o Palace se prepara para atingir sua maioridade, ou seja: seus 21 anos no próximo ano - seis de julho de 2011. Mas com o mesmo entusiasmo do seu primeiro aninho.”

O Palace faz, hoje, 25 anos - Bodas de Prata. Não há quem diga! Também, novo. Novíssimo! Porque cuidado. Porque acariciado. Porque repaginado. Porque...

É com muita alegria que todos nós do Palace comemoramos essa data que marcou a nossa cidade - 06 de julho de 1990. Data que distendeu o nosso prazer em receber bem e melhor àqueles que acorrem a “Cidade de Simôa”.



Mas o fazemos, pensando em outras Bodas que hão de vir. Bodas de Pérola, aos 30 anos; Bodas de Esmeralda, aos 40 anos; Bodas de Ouro, aos 50 anos; Bodas de Diamante, aos 60 anos. Bodas. Bodas. E Bodas... Através de gerações. E, tomara que como no seu primeiro aninho.