terça-feira, 12 de dezembro de 2017

NOSSAS REPÚBLICAS E CELSO GALVÃO (12.12.2017) (VOLUME II)

A República do Brasil pode ser dividida em cinco períodos, historicamente, ricos à nação. 

Com efeito, a partir de sua proclamação, em 1889, ao ano de 1930, conviveu a nação com a chamada “República Velha” ou “República das Oligarquias”. Que deu azo a muitos terem saudade do Brasil Império e, muito mais, de seu competente, honesto, liberal e culto Imperador, Dom Pedro II. Ele, que chegou a impressionar Anatole France, em sua passagem pelo Rio de Janeiro, pelos louvores que ouvira a Dom Pedro II, a ponto de ter referido: “Mas se o vosso monarca era assim, por que foi destronado?” E, lá atrás, de Victor Hugo, que o recebeu em sua residência em Paris: “Senhor, sois um grande cidadão!” 

O segundo período vem de 1930 a 1945, chamado de “Era Vargas”, ou de “Ditadura de Vargas”, ou, ainda, de “Estado Novo”, posto que este só a partir de 1937, com Vargas no poder desde 1930. 

O terceiro período, alcunhado de “República Populista”, vem de 1946 a 1964. Ou seja: de Dutra a Jango, passando por Vargas, de novo, agora nos braços do povo; Café Filho, Carlos Luz, Nereu Ramos, estes por pequenos períodos; Juscelino Kubitscheck, que cumpriu, como Eurico Dutra, todo o mandato - 5 anos; Jânio Quadros, Ranieri Mazzilli e João Goulart. Os dois primeiros também por pequenos períodos, e Jango, que fora deposto, tendo cumprido, somente, 2 anos e 208 dias. 

O quarto período, chamado de “Quarta República” ou “Ditadura Militar”, vem de 1964 a 1985. Com a segunda redemocratização do estado brasileiro - a primeira em 1945. 

Finalmente o quinto período, alcunhado de “República Nova”, que vem da queda do regime militar e flui até nossos dias. 

“Mas o que tem Celso a ver com isso, Givaldo?”, pergunta-me uma amiga querida, em pleno show de Andrea Amorim, nesta “Magia do Natal de Garanhuns”. 

“Para mim, amiga, muito. Primeiro, pelo prefeito que fora em nossa cidade. E em períodos distintos: na plenitude do Estado Novo: de 1937 a 1945 e, depois, com Vargas, nos braços do povo de sua cidade, de 1952 a 1955, com a redemocratização.

À sua cidade deixou muito. E eu me deteria em três empresas dele, ainda hoje saudadas por seus conterrâneos, embora ele já falecido há tantos anos: o Palácio que, hoje, leva seu nome; a Praça Dom Moura e o Cristo Crucificado, este erguido na Colina Magano, a 1.030 metros de altitude. Monumentos símbolos de nossa cidade, e obras de seu primeiro governo - 1937 a 1945. Mas eu destacaria, ainda, o Cassino Monte Sinai, construído na Colina Monte Sinai, a 930 metros acima do nível do mar. E, também, outro símbolo de nossa cidade. Esta, mais uma dentre as Sete Colinas da ‘Cidade das Flores’. Que não chegara a funcionar por conta de sua proibição por Eurico Gaspar Dutra. Daí se dizer que Vargas legalizou os Cassinos em 1938. Quando o Monte Sinai, e tantos por esse Brasil afora estavam prontos para funcionar, Dutra os proibiu, em 1946.  

Aí, outra história, amiga. Que me entristece. Sobretudo, depois que recebi de Nelson Siqueira uma preciosidade: as contas. Sim, a prestação de contas feita por Celso Galvão dos gastos com a construção daquele Monumento. E essa prestação fora feita tostão por tostão, ou cruzeiro por cruzeiro, já que aquela moeda só tivera vigência legal até 1942”.     

"E por que outra história? E por que essa tristeza, Givaldo? Alguma coisa contra Cassinos? Se Garanhuns seria uma das poucas cidades do Norte e Nordeste brasileiros e a única cidade de Pernambuco a tê-los?"

“Não, amiga, nada tenho contra Cassinos. Cheguei até a estudar um pouco sobre eles. E a minha conclusão é no sentido de que seria muito bom à nossa economia, haja vista o fluxo turístico que passaríamos a ter. Minha tristeza está no que acontece em nossos dias. Dou exemplo: nossos estádios, construídos recentemente. Que vergonha! Você está vendo o que dizem deles. Superfaturamentos. Verdadeiros assaltos ao erário público.

Aí quando penso em gestores públicos da nossa cidade como Celso, Amílcar, Dourado... bate-me uma saudade danada da decência, da honradez, da honestidade... de nossos homens públicos do passado. Aí, amiga, fico triste. Muito triste. Até depressivo... E é natural que assim fique. Porque atenta contra minha formação de homem educado, com rigor, pelos meus pais. Porque colide com as orientações que me foram prestadas por homens e mulheres que cuidaram de minha educação. Meus grandes mestres, com destaque para a figura do Monsenhor Adelmar da Mota Valença que, em suas aulas de civilidade, realçava, recorrentemente, os valores da decência, da honradez e da honestidade. E, também, da humildade e da solidariedade, cujas ausências, daquelas e destas, claramente, excluem um exercício justo e humano e, portanto, exitoso de uma gestão. Seja esta de natureza pública, seja esta de natureza privada. 

É. Tenho saudade, amiga. Muita saudade. Muita! Mesmo! Parece que o mundo mudou. E para pior. Apesar dos avanços da ciência e da tecnologia. Porque parece que esses avanços científicos e tecnológicos minaram e destruíram os valores de nossos caracteres, que, hoje, rareiam. Porque não foram capazes de conviver com o mundo de nossos dias. Moderno. Contemporâneo.”   

sábado, 2 de dezembro de 2017

MUSAS DA MINHA CIDADE (02.12.2017) (VOLUME II)


“Musas? Por que musas, Givaldo?” “Ora, ora, meu amigo. Cada um tem a musa que pode. E eu já estou podendo demais. Porque tenho logo duas. E penso que vou ficar só nelas, posto que entenda a riqueza da minha cidade em conceber tantas que, de repente, volte a gerar outras tantas. Mas... a preço de hoje, para mim, só elas duas. Que já considero de bom tamanho.” 

Sobre uma delas já falei muito. Nunca, todavia, demais. Não sei se por minhas limitações ao ofício de falar ou se por falta de maiores registros para calçar melhor minhas linhas. Mas, que já falei muito, já. 

Da outra, nem tanto. Mas já falei. Todavia, sem a fervor da primeira. Das duas, portanto, já falei. E das minhas linhas e linhas, o florescer da minha paixão musical por elas. Paixão de fã fiel? Sim! Incorrigível. E assaz apegado às suas musas da "Cidade Poesia" de Garanhuns.

Nesta IV Edição da “Magia do Natal de Garanhuns”, ouvi atento e quieto as duas. Quem sabe? Até perfilado e petrificado, como cheguei a dizer outro dia. E mais uma vez, tive azo de dizer a mim mesmo: gosto das duas. Cada uma com seu estilo. Cada uma com seu visual. Cada uma no seu gênero musical. Cada uma com sua exuberância singular e inconfundível. 

Meu amigo que me perguntara: “Por que musas? Por que essa  paixão pela arte de Andrea e de Kiara?”, continuava a insistir. E lá vem ele com outras, levando-me a procurar saber dele se já ouvira essas duas artistas em palco. E se ele conhece de seus talentos e sucessos. 

A resposta desse meu amigo fora um sonoro “não”, deixando-me a impressão de que de música ele não entende nada. Quanto a mim, disse: "gosto de música, e digo para todo o mundo que me encanto ao ouvir Andrea e Kiara. Ambas honram Garanhuns. Uma e outra falam de Garanhuns em seus shows. Estes, aqui, e alhures. E, em alhures, com a alma, aqui, na "Cidade de Simôa".  

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

MINHA TERRINHA (20.11.2017) (VOLUME II)

Grande prazer em receber José Ailton, aqui, em meu escritório. Ele que é daqui, da terrinha. Mas que vive fora, em Osasco, São Paulo, há mais de 30 anos. Ele que não me conhecia. Nem eu a ele, pessoalmente. Nós que só conversávamos pelas redes sociais, quando possível, por conta de nossas ocupações. Ele que volta à sua cidade, já que, de férias, para ver e rever tantos. Inclusive, eu, como prometera, pelas redes.

A incursão de Zé, por aqui, vai das casas da família que é grande, às casas dos amigos de infância e adolescência. Também, as casas dos amigos virtuais. Com quem conversa, sempre. Estes estimo que muitos. Já que ele é exímio usuário das redes sociais. E gosta de conversar e fazer amizades mil. E eu estou entre eles, com muita satisfação. 


Conversamos, longamente e, durante a nossa conversa, eu ia me convencendo cada vez mais de que estava diante de um homem de bem, amigo, sensível, apaixonado por sua terrinha, e, sobretudo, temente a Deus. Aliás, diga-se que mesmo antes de conhecer Zé, já que sou seu amigo virtual, eu tinha sobre ele a melhor das impressões. 

De repente, pergunto-me: que bem não tem feito à humanidade esses avanços tecnológicos, sobretudo na área da comunicação? Eu mesmo posso dizer que tenho reencontrado muitos amigos de longa data pelas redes sociais. Que tenho feito muitas amizades por aqui. Que tenho conferido mais agilidade aos meus dias a dia por aqui. Que tenho o mundo em minhas mãos por aqui. Que a cada dia vejo o planeta mais plano por aqui. E veja que, embora usuário dessas ferramentas, estou longe... Muito longe de ser seu conhecedor. Mas, já o disse: tenho perseverado e persistido no aprendizado. 

Alguém já me perguntou se essas ferramentas não podem ter efeitos colaterais, portanto, perigosos, terríveis...? “Claro que sim”, respondo. “Mas é preciso que se diga que as redes sociais vieram para ajudar o homem. Para torná-lo mais produtivo na execução de suas tarefas. Mas ele deve usá-las para o bem. O bem de todos. E eu até diria: para ajudar a tornar melhor e correto o exercício da ‘Última Flor do Lácio, inculta e bela’, e podermos dizer com Olavo Bilac: ‘Amo-te, ó rude e doloroso idioma’.” 

Com José Ailton, conversei muito sobre o assunto. Vi, nele, um bom usuário das redes. Delas falando com desembaraço e conhecimento. Senão profundo, mas o bastante para ser o usuário que é. Cumpridor da verdadeira razão de ser das redes sociais.
   
Em sua despedida, muita emoção e palavras de carinho e respeito. “Daqui a um ano estarei de volta à minha cidade. E voltarei a visitá-lo. Muito obrigado por tudo.”

Fiquei a pensar: Que elegância! Que sentimento! Sobretudo, vindo de onde veio. De um homem simples. Que, como tantos, no passado deixaram sua cidade para tentar a vida na cidade grande. Mas que nunca se esqueceu da sua terrinha, e para ela sonha voltar um dia. Que chegue logo esse dia, Zé, porque você é a amizade que todos gostariam de contar.

E agora, se me permite, quem vai dar um muito obrigado a você sou eu. Por sua visita. Pelo prazer que ela me trouxe. Pela inspiração que me levou a construir essas linhas. Até novembro de 2018, José Ailton, em suas férias.  

domingo, 19 de novembro de 2017

CONSCIÊNCIA HUMANA (19.11.2017) (VOLUME II)

Outro dia, li uma expressão do ator Morgan Freeman que me deixou absorto e enigmático. Fui ao espelho. Lá, tomei um susto ao tentar sorrir como de costume. De repente disse a mim mesmo que meu sorriso estava a parecer o sorriso de Gioconda, obra genial de Leonardo da Vinci. Enigmático, indecifrável... Pensei: não, isso não sou eu. O que me levou a ficar assim? Como disse: absorto e enigmático. Todavia, na medida em que absorvia a lapidar expressão de Morgan Freeman, acometia-me da certeza, que sempre tivera, no sentido de que, enquanto o homem não entender que somos todos iguais; enquanto esse entender não chegar ao seu coração, a ponto de se fixar, e de se converter em consciência, difícil... Muito difícil continuará sendo a convivência fraterna entre os homens. 

Mas o que expressara o grande ator, a ponto de me deixar absorto e enigmático?  Disse ele: “O dia em que pararmos de nos preocupar com Consciência Negra, Amarela ou Branca e nos preocuparmos com Consciência Humana, o racismo desaparece.”

Ainda não havia lido nada igual sobre o assunto. Que atordoa o homem. Porque tira sua paz de espírito. Porque confunde seus sentimentos. Porque rouba seu bem estar. Porque, enfim, desumaniza e perturba sua convivência com seus semelhantes.

Pensei: Morgan Freeman, antes de ser um grande ator, para mim ele passa a ser um grande pensador. Porque não defende supremacia de raças. Porque se limita só, e tão só, a pregar a “Consciência Humana” na busca incansável do sumiço, da extinção... desse mal perverso que muitos carregam em seus corações, causa e efeito de tantas barbaridades hediondas.

Não! Não cabe mais hediondez entre os homens. Sobretudo na sociedade em que vivemos. De grandes conquistas. De grandes realizações. De concretização de sonhos, ontem, inimagináveis. De grandes... E o homem autor e ator de todas essas maravilhas. De todos esses “milagres”. De todos...  Ele, branco, amarelo ou negro, ainda pensa em dia de consciência de raças. 

Não! Não é por aí que devemos continuar caminhando. Muito menos, dizendo como Gilberto Gil, há exatos dez anos, lá, na Serra da Barriga no estado de Alagoas, na entrega do Memorial Quilombo dos Palmares: “...negros que irmanam minha origem, meu caráter, minha história, minha liberdade, minha capacidade de resistir e existir no mundo.” Porque todas essas qualidades que são intrínsecas ao homem. Nele, devem estar presentes. Seja esse homem branco, amarelo ou negro. Todos com seus caracteres, histórias e desejos de existirem nesse mundo. Posto que, este, ainda perdido na procura, na busca... do caminho que o leve à assunção da desejada “Consciência Humana.”

Penso que é por aí. Ou seja: que o homem tem que perseguir, de forma obstinada, a conquista da “Consciência Humana”, e esse homem não importa que seja branco, amarelo ou negro. Importa que seja homem. E só. E de qualquer dos continentes. Até porque essa consciência terá que envolver a todos. Terá que ser universal. Portanto, de todo planeta. 

Fácil? Claro que não. Mas temos que trabalhar, no entanto, nessa direção. Na certeza de que a consciência unilateral de raças não resolve o problema. Pelo contrário, a mim me parece que adensa o preconceito entre raças, gargalo maior nesse caminhar à conquista da “Consciência Humana”.

sábado, 18 de novembro de 2017

ANDREA AMORIM (18.11.2017) (VOLUME II)

A “Ave Maria” na voz de Andrea é um encanto. E, diariamente, às 18h00min, lá está ela, angelical, linda, bela... da sacada do Palácio Celso Galvão, cantando para uma multidão perfilada, petrificada... num silêncio quase absoluto, porque vez em quando pequenos ruídos. 

Na verdade, não sei se em reverência ao seu criador, Bach, ou à própria Andrea. Que todo dia me surpreende mais com sua versatilidade musical - Rock, Bossa Nova, Forró... Sei lá que outros gêneros mais. Agora, música erudita.

Já o disse, por aqui, e continuo e continuarei dizendo, por muitos anos, décadas. Que Deus nos permita. 

Eu, não só perfilado, petrificado, diante dela. Eu, em silêncio absoluto, acometia-me das imagens e das vozes de Maria Callas, Luciano Pavarotti, José Carreras, Andrea Boccelli... a cantar, cada um, aos meus ouvidos: 
   
“Ave Maria, gratia plena
Dominus tecum 
Benedicta tu In mulieribus 
Et benedictus fructus ventris tui Jesus”.


E eu a dizer aos meus botões: “Saiam vozes. Saiam de mim. Hoje, aqui, e agora, eu quero ouvir Andrea Amorim. E só ela, deliciando-me dessa obra prima, genial de Bach - a ‘Ave Maria’. Saiam imagens indesejadas. Não percebem que vocês não se sobrepõem a Andrea Amorim, sobretudo ao vivo e a cores? Não veem, de onde quer que estejam, que estamos festejando, já há dez dias, a ‘Magia do Natal de Garanhuns’, e vamos fazê-lo até o dia 31 de dezembro? Portanto, ao longo de 52 dias de muita alegria, paz. E de muita cristandade?” 



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

HOTELEIROS (09.11.2017) VALENTES (VOLUME II)

Acordei hoje com sinais de grande cansaço e preocupação. Por que negar, sobretudo, essa última?

Tá! Cansaço. Tudo bem... Afinal, meus dias a dia têm sido muito corridos e longos. Há deles em que chego perto da exaustão. Ou dela mesmo. Mas... Tudo bem! Eu gosto da labuta. E hei de continuar nela até o dia que Deus quiser.

O porquê do cansaço, portanto, fica explicado. Afinal, depois de todo um dia, adentrando pela noite até às 21h30min/22h, não é nada mole. E, ao chegar em casa, ainda lá vou eu às minhas leituras ou ao meu notebook escrever essas linhas. E, bom que se diga que esses dias começam muito cedo, vez que por volta das 6h30min/6h45min estou a caminhar sobre as pistas do “Parque dos Eucaliptos”. Sim, no Parque Euclides Dourado, homenagem da cidade ao seu criador, nos idos da Primeira República.

E a preocupação? Que quer ela de mim? Por que sua presença? Presença, diga-se de passagem, indesejável.

O Cansaço fica explicado: é, realmente, por excesso de trabalho ou pouco repouso. Tanto que quando repouso até onde meu corpo pede, restabelece-se meu vigor e entusiasmo à luta.

A questão fica, portanto, por conta da preocupação que parece, para ela, não ter remédio. No Brasil atual. Todo dia! Ah! Todo dia! Já não se suporta mais.

Ontem, recebi algumas ligações de amigos que falavam sobre nosso dia. Dia do hoteleiro. Tive um susto! Confesso que estava completamente esquecido. E a todos que me ligavam... E a todos com quem, presencialmente, conversava... Meu Deus! Como pode? Logo eu, que fui presidente da Associação, aqui. Que lha fui tão incentivador. Que, no ofício, sempre agi com vigor e valentia na defesa da categoria? Esta que se organizou e se mantém organizada desde 1936? Esta que orgulha nosso país, nosso estado e nossa cidade gerando emprego e renda para milhares. Na verdade, 1,3 milhão de empregos diretos e 665 mil de empregos indiretos. E que impacta dezenas de segmentos econômicos - cerca de 52.

Enfim, logo eu? Logo tantos, como eu? No que pese os anos, as décadas, e a honra de pertencermos à categoria em nossas cidades e fora delas?

Parei. Preciso pensar. E não demorou muito para chegar à razão de minha preocupação, que é de todos. Pelo menos de muitos desses todos. Muitos desses todos que me ligaram e conversaram comigo para dizer de suas situações.

Preocupações de muitos desses todos que dão conta de notícias nada alvissareiras, máxime da parte de colegas independentes. A saber:

A I - Cortes de despesas. Reduções de quadros. E, com estes, ameaças de deficiências em seus serviços...;

A II - Ausências de reinvestimentos. E, com estas, iminências de declínios das Unidades Habitacionais...;

A III - Morosidade na execução das ampliações projetadas. E, com esta, tomada do mercado por grupos nacionais ou internacionais em detrimento da excelência da hotelaria independente.

Afinal, por que do registro de tantas notícias ruins, que levam à categoria a tantas preocupações?

É simples! A grande queda nas ocupações das Unidades Hoteleiras. Que debilitam essas empresas, deixando-as impedidas de crescer. Ou de pelo menos se manter.

Daí, muitas delas, fechando parcial ou totalmente suas portas. Porque não chegam a atingir, sequer, seus pontos de equilíbrios. Enfim, sobretudo, por conta desse imbróglio em que se meteu nosso país, prejudicando, grandemente, o lazer das famílias, é de se dizer que neste dia, o hoteleiro (sobretudo os hoteleiros independentes) que estão à frente de seus negócios e a eles dedicados, não têm muita razão para comemorar.

No entanto, sou homem de fé e esperança, e, com esforço e dedicação, hei de continuar apostando no retorno do segmento à sua vida normal. Posto que saiba que o segmento será um dos últimos a provar dessa tão falada recuperação econômica do país. Que demora!

Quero deixar as preocupações de lado. Mas... como fazê-lo? Como? O cansaço é fácil, já vimos. Basta botar o corpo para repousar. Mas eu quero deixar a preocupação de lado porque, enfim, eu quero fazer o que há de mais importante ao hoteleiro: receber bem, servir bem, gerar satisfação. Em síntese: praticar hospitalidade. E essa receita passo para todos.

Que esse imbróglio se vá logo, para podermos, apesar dos passageiros cansaços, estarmos ativos com toda força e disposição, cuidando das pessoas que procuram as nossas Unidades na esperança de serem bem recebidos.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

DIA DE REVERÊNCIA (01.11.2017) (VOLUME II)

Neste último final de semana, estava a conversar com um amigo em Recife. De repente, ele me pergunta: “E nesse feriadão? O que vamos fazer? Que achas de passarmos uns dias em Porto de Galinhas e por lá darmos um bom passeio de barco? Fiz isso outro dia. Num desses feriadões. Que delícia! Voltei novo. Novo e motivado para enfrentar os dias a dia do Recife. Que, cada vez mais, estão difíceis. É o trânsito que não anda. É o calor cada vez mais insuportável. Enfim, um desafio à mobilidade cidade.”  

“Posso não, amigo. Posso não. Você está ficando doido? Neste ‘feriadão’, como você chama, vou ter muito que fazer. Tenho que reverenciar as memórias de meus pais, irmão, parentes vários. Também amigos indizíveis. E devo dizer que há muitos anos dedico esse dia a eles. Posto que pense neles sempre, e para eles faça minhas orações”, respondi. E continuei: “Confesso, amigo, que sou fiel à tradição de minha Igreja, que desde o Século II vem dedicando um dia àqueles que se foram, sendo que, a partir do século XIII, este dia passou a ser o dia 2 de novembro, porque o 1º de novembro é o dia da Festa de Todos os Santos. Portanto, amigo, dispenso-me de lhe acompanhar, mas deixo registrada essa data singular de respeito e extrema veneração dos católicos de todo o planeta. Em outro ensejo, prometo: vou com você a esse passeio de barco. Na próxima quinta-feira, seguramente, não. É o dia de todos nós, católicos, dirigirmos nossos pensamentos para os nossos que se foram.”


Fui pra casa. Lá chegando, fui às minhas anotações. Vi do Frei Ribamar Gomes de Souza: “A comemoração de todos os fiéis falecidos evidencia a única Igreja de Cristo como: peregrina, purgativa e triunfante que celebra o mistério pascal.” E mais: “Às vezes, olhamos a nossa vida numa perspectiva de uma tumba que será fechada com a terra e com uma pedra em cima, mas, para nós cristãos, Cristo está diante dessa pedra. Ele que é a Ressurreição e a vida. Ele olha através da pedra e vê a cada um de nós.”

“Mas que coisa!”, exclamei a mim mesmo, já na minha alcova, no aguardo do sono que não chegava. Quem sabe pensando no amigo, que ao invés de ir para Garanhuns venerar os seus e voltar sua mente aos seus pais, familiares e amigos, vem-me com essa de Porto de Galinhas, praia que está lá todo dia, quando 2 de novembro é dia único.

Depois, gosto de visitar mausoléus de famosos sempre que viajo. Assim, Arlington, em Washington, EUA - os Kennedy: John, Robert, Edward e Jacqueline. Assim, Recoleta, em Buenos Aires, Argentina - Eva Perón. Assim, Corsier-sur-Vevey, em Vevey, Suíça - Charlie Chaplin. Assim, na Basílica de São Pedro, Roma - João Paulo II.

De mais a mais, nada tenho contra os Campos Santos. Pelo contrário. Tenho todo respeito por eles. E a eles sempre estou presente quando preciso e, em especial, nesse dia 2 de novembro. No dizer de Teodoro Wanke: “Gosto de ir aos cemitérios, admirar os túmulos dos que venceram na vida”. E eu diria mais: sobretudo por uma causa. Uma causa de natureza coletiva.

Pronto! Foi bom o sono ter tardado. Porque, pronto na minha cabeça, o esboço de minhas linhas que vão ao meu notebook, na próxima quarta-feira. Para que na quinta ou mesmo ainda na quarta, já possam estar nos meus perfis, fanpage e blog. 

Que assim seja. Pois!

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

RUA DO RECIFE (30.10.2017) (VOLUME II)

Minha família morou na Rua do Recife por alguns anos. Antes, todavia, morou na Rua do Cajueiro. Em ambas as ruas, sob o mesmo número - 161. Mais tarde, e em definitivo, minha família mudou para a Rua Dantas Barreto, também sob o mesmo número - 161. 

A primeira rua, contudo, em que minha família morou em Garanhuns não tinha o nome de Rua. Chamava-se, como se chama, ainda hoje, de Praça Dom Pedro II, lá no bairro da Boa Vista. 

Meus pais, com toda a família, chegaram a Garanhuns, procedentes da vizinha cidade de Correntes. Eu, ainda nos braços de minha mãe, e com dois meses de idade. Pouco tempo depois, fui levado à Pia Batismal, para receber o sacramento do batismo, ministrado pelo Pe. Matias, então pároco da Igreja de São Sebastião.    
  
Da Rua do Recife, guardo algumas recordações. Dos nossos vizinhos e da Escola de Dona Geraldina em que estudei até o então terceiro ano primário, já que no final deste, e uma vez aprovado no exame de admissão ao Colégio Diocesano, lá, não fizera o quarto - nem lá, nem em outra Escola, porque no ano seguinte dei início ao primeiro ano do então curso ginasial.

Quem não gostou dessa armação fora Dona Geraldina Miranda. Ainda em mim, vaga lembrança: “Menino, como você conseguiu essa façanha?” - teria ela me perguntado. Ao que teria eu respondido: “Estudei em duas Escolas de referência em minha cidade: a de Dona Dulcina e a de Dona Geraldina.”

Lembro-me, ainda, que, naquele tempo, eu procurei saber, mas sem dizer nada a ninguém - meus pais, Dona Dulcina, Dona Geraldina... Ninguém! Como se daria o exame de admissão ao Colégio Diocesano. Responderam-me: “Simples! Você se inscreve, paga uma taxa e enfrenta o exame. Se passar... Bem, se passar, no começo do ano que vem você procura a Secretaria do Colégio, faz sua matrícula, e começa o primeiro ano de seu curso ginasial.” E assim fiz. Sem contar nada a ninguém. Nem mesmo a meu irmão mais velho - Geraldo. Bem mais velho do que eu - 14 anos.

Quando me vi aprovado naquele exame é que contei da minha façanha à minha família. Primeiro, a meu irmão Geraldo. E fi-lo, não sem antes lhe fazer um pedido: ir comigo aos nossos pais e a eles contar o que teria ocorrido, dizendo-lhes do meu esforço à aprovação do referido exame. Ah! Como me lembro! Foi uma festa. Todos ficaram felizes e, eu, sentindo-me glorificado.

Na Rua Dantas Barreto fora onde mais pontificamos, enquanto crianças. Residência espaçosa. Dona de um grande quintal e florido jardim. Ali, eu e meus irmãos mais novos brincávamos e éramos felizes. 

Ainda me lembro de meus brinquedos. Ou, na verdade, o meu único brinquedo que, com ele, ficava boa parte do dia a vagar pelo amplo quintal, sobretudo nos períodos de férias escolares: uma lata de doce cheia de areia era o meu carro, e lá ia eu percorrendo as pistas do quintal de Dona Eulália, minha saudosa mãe. 

Aos seus jardins, praticamente não tínhamos acesso, tamanho o seu ciúme às suas roseiras. Dizia-nos sempre: “Jardim sem roseiras não é jardim.” E delas, minha mãe cuidava pessoalmente. Era tarefa intransferível. Só a ela cabia fazê-lo. Com suas roseiras, falava. Com suas roseiras, era feliz. Tudo levando a crer haver uma cumplicidade entre minha mãe e suas roseiras. Que estavam sempre bonitas e coloridas.   

domingo, 29 de outubro de 2017

LER E ESCREVER (29.10.2017) (VOLUME II)

Não faz muito, fui visitar um amigo. Recebeu-me em um dos cômodos de sua ampla e bonita residência, que logo entendi como seu recanto: o lugar onde estaria em paz para pensar, escrever e ler os seus livros como o faz, diariamente. Foi-me logo dizendo: “Não olhe a minha desarrumação não. Confesso que ela é a melhor arrumação de que preciso. Dela e daqui, de onde tenho assento, mantendo controle de tudo. E depois, Givaldo, não queira saber a sensação de estar entre livros por todos os lados. Portanto, por eles cercado. Parece que eles estão a querer penetrar em mim. E eu a penetrar neles. Confesso que gostaria que fosse verdade. Não só, e tão só, sensação. Fosse, portanto, real. Eu, penetrando em meus livros. Meus livros, penetrando em mim. Ah! Se me fosse dado que isso ocorresse.”

Vi e pude sentir, nesse meu amigo, muita paz a lhe cobrir em seu exclusivo refúgio. 

Disse-me: “Aqui, amigo, adentra apenas eu, e um ou outro amigo a meu convite. Aqui, é meu refúgio. Aqui, é meu altar. Aqui, eu me encontro com meus tesouros - meus livros e minhas canetas. E você me faz lembrar o Marquês de Maricá. Que repetia sempre: ‘No Brasil, não se podem emprestar livros: os que os recebem, considera-os dados e não emprestados’.” 

“Você lembra, não é? A gente conversava muito a respeito disso na ‘Casa de Tobias’. Nunca gostei de emprestar meus livros. Desde aqueles tempos. Minha mãe me dizia: ‘Quem empresta, não presta!’ E, sobretudo, naqueles tempos quando os recursos eram escassos. Por isso que tenho os livros que tenho. Livros que vêm daqueles tempos. Muitos! Livros que vieram depois. Também muitos. Livros. Livros. E livros... Alguns milhares. 

A propósito, Givaldo, você tem procurado as livrarias? Os livreiros? Outro dia, saí da minha residência com um de meus filhos a um desses Shoppings da cidade. Você sabe, não é? Disse-lhe outro dia. Não quero mais trabalhar. Lá, fomos a duas ou três livrarias. Você conhece as minhas predileções. Fiquei horrorizado com os preços dos livros, sobretudo os de Direito. Fiquei a me perguntar o que seria de mim se o tempo voltasse e eu tivesse que adquirir aqueles livros para avançar na minha formação. Tenho pena dos pais de família de hoje por conta do alto custo para conseguir dar uma boa formação a seus filhos. Livros de Direito, proibitivos. Livros de Medicina, nem falar, inacessíveis. Enfim, um verdadeiro absurdo.”

Saí da residência do amigo, não sem antes lhe dizer que, como ele, também tinha meus livros como meus melhores amigos. E, citando, pra ele, Mário Quintana: “O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.” “É como me sinto no meu refúgio. Por isso, amigo, nunca me vejo só, já que, como você, também vivo cercado de livros. Ah! E, deles, tenho muito ciúme. Meus livros e minhas canetas são meus amigos inseparáveis. Aqueles se confundem com estas.  ‘Escrever é lembrar-se. Mas ler é, também, lembrar-se’, dizia Mauriac. E esse exercício eu o faço todo santo dia. Apesar de meus dias a dia, ainda de muito trabalho”.  

Saudando esse dia, portanto, estou a cortejar a leitura e a escrita. Enfim, o ler e o escrever. Que não têm fim. Salve o dia do livro! Que lembra leitura. Que induz à escrita. Mas sempre tendo em mente as palavras de Campoamor: “Quem me dera saber escrever!” E eu completo: e ler. 

“Diante de seu discurso, Givaldo, em homenagem a este 29 de outubro, permita-me colocar que o movimento editorial no Brasil, que cresce cada vez mais, não é de ontem, muito menos de hoje. Vem de longe. De muito longe. Do Brasil Colônia. Ele vem da instalação da Imprensa Régia, em 1808, pelas mãos de Dom João VI, então príncipe regente. Ele vem um pouco depois, em 1810, com a fundação da Biblioteca Nacional, quando se lançou o primeiro livro editado no Brasil, ‘Marília de Dirceu’, de Tomaz Antônio Gonzaga. Posto que, é certo, crescido mesmo só a partir de 1925 com a fundação da Companhia Editora Nacional, pelo escritor Monteiro Lobato.” 

Mas eu concluo meu discurso, amigo: “Temos que fazer a apologia do livro e da escrita não só neste dia”. E mais: “Temos que fazê-la, sempre. Sobretudo, às nossas crianças, a fim de que, desde cedo, o hábito da leitura seja-lhes presente em suas vidas, e por todas suas vidas”. 

Abrir um livro é uma questão de hábito. E este, quanto mais cedo adquirido, mais presente estará no homem de amanhã. E, para abrir um livro, não é preciso escolher um lugar. Ele pode se aberto e lido em qualquer hora e em qualquer lugar. Basta querer.      

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

AINDA FRIO E CHUVA EM GARANHUNS (25.10.2017) (VOLUME II)

Já chega novembro. Estamos às suas portas. Já, já, dezembro. E Garanhuns continua fria e chuvosa. Chuva esta, branda. É certo. Mas ainda presente. Como que saudosa da cidade. Mesmo antes de ir embora. E no que pese quase novembro. Quase dezembro. Como o templo flui...

Também garoando a minha cidade. Esta, a ofertar seu adorno. Que desce de suas Sete Colinas - Magano, Antas, Columinho, Ipiranga, Monte Sinai, Quilombo e Triunfo e desce na cor cinzenta, ocupando nossos logradouros e avenidas. Cor que lhe empresta uma atmosfera europeia. Inglesa, mesmo!

No particular, bonita, linda e bela. Como toda a cidade. Mas, pelo adorno... Mais bonita, mais linda e mais bela. Ou belíssima, como recomenda meu entusiasmo.

Ao longo de todas as estações - primavera, verão, outono e inverno. Sim, no verão, também, posto que aquela senhora do Shopping Center Cidade de São Paulo, não acredite.  E tenha ousado dizer-me e repetir: “Não acredito! Lá? Du-vi-do”... Ela, que só imagina fome, miséria e falta d'água potável para beber por essas bandas. Essa elite paulista... E ainda vem ao Norte e Nordeste brasileiros pedir votos para seus candidatos. Para depois... Ah! Para depois...

Sou, positivamente, um garoto propaganda da minha cidade. Dela, não lhe cobro nada por esse mister. Nadinha! Pelo contrário, agradeço. Por me permitir, logo eu, assim dizer dela por onde passo. E o faço convicto de que não estaria fazendo nenhuma propaganda enganosa.

Tenho amigos, muitos, que vêm a Garanhuns. E deles recebo retornos mil. “A sua cidade é maravilhosa, Givaldo. Mais que bonita, como diz você, Givaldo. Mais que linda, como murmura você, Givaldo. Mais que bela, como apregoa você, Givaldo. Ela é mais que belíssima, como dita seu sensato entusiasmo, Givaldo.”


domingo, 22 de outubro de 2017

MINHAS LINHAS (22.10.2017) (VOLUME II)

“Desembauzar”. Este é o neologismo que Wagner me soltou: “Tem que ‘desembauzar’ esse material”. Dei de ombro. Mas, nem tanto. Como, por certo, gostaria.

Aos poucos, fui “desembauzando” minhas linhas e as liberando ao público pelas redes sociais; pela imprensa falada e escrita, ao tempo que ia ordenando-as e reunindo-as em volumes, para enviar ao prelo, com as cautelas ditadas pelo nosso Wagner Marques.

Indaguei-me, recorrente, há pouco. Publicar essas linhas? Perdi o senso? Eu? Mas essas linhas foram tecidas nas minhas horas de lazer. Sem relevância e sem pretensão. 

Não! Não perdi o senso. Se falarem? Que falem! Aliás, de tudo se fala. De quem produz. De quem não produz. E eu produzi. E as linhas são minhas. 

Vou aos meus arquivos, gavetas e baús. Descubro pastas e pastas. Algumas até pesadas e densas. Outras nem tanto. Que em infinitas linhas contam o cotidiano de minha cidade e alhures. Cotidianos reais e ficcionais. 

Contam algumas das minhas jornadas. Na verdade, percursos de caminhos. Que perfazem jornadas. Estas, sempre verticais, valentes, firmes e diretas. 

Fáceis esses caminhos? Não! Difíceis suas ultrapassagens? Sim. Pedras tentaram barrá-los? Também, sim! Contudo, parecia segurar-me na sentença de Mário Quintana: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”. Quem sabe, este, cristalizado por linhas e linhas. 

À Ezandra e Diego, que me ajudam nessa difícil tarefa, disse-lhes: “Vocês pensam que chegaram ao fim? Este, longe. Muito longe, ainda! Aqui, temos algumas vezes mais material que esse encontrado em nossas varreduras. Mãos à obra! Posto que já estejamos com as mãos nela”.

Nunca pensei passar pelo que me ocorre nesses últimos tempos. Nunca!



sábado, 21 de outubro de 2017

ADEUS, MARCUS! (21.10.2017) (VOLUME II)

Estava aqui, pensando nas linhas que escrevi nessa sexta-feira (20), em homenagem aos poetas da minha cidade, nesse dia a eles dedicado.

Os dias da gente, enquanto profissionais, enquanto responsáveis pela direção de órgãos sociais, a mim me parece que sejam todos os dias do ano, até por conta de nossos dias a dia e, no caso do homem das Letras, não é diferente, eis que sua produção literária acontece em igual dimensão temporal.

De repente, nosso amigo, Alexandre Santos, que é presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), entra nas redes sociais para noticiar a “grande inflexão da vida” do amigo e poeta Marcus Accioly, concluindo com o registro da grande lacuna que acabara de abrir à cultura brasileira, e, por fim, por ter deixado a União Brasileira de Escritores de luto.

Gostava muito de Marcus. De sua dedicação. De sua firmeza. De seu amor. Tudo, dirigido à Cultura.

Convivi com ele ou sempre nos relacionamos desde meus tempos de Secretário de Cultura da Cidade (2008) e, desde então, pude acompanhar esse seu interesse pela Cultura, sobretudo no que dizia respeito à sua propagação.

Aprendi a admirá-lo. Máxime, a compreendê-lo. Porque todo seu grande entusiasmo era em função da defesa da cultura.

 Marcus Accioly residiu algum tempo em nossa cidade. Com ele, estive algumas vezes, por aqui. Mas, a ele, nunca quis perguntar se estaria pensando em adotar Garanhuns como seu novo porto seguro ou como mais um recanto em busca de inspiração, já que a cidade é rica desses lugares, tendo inspirado tantos poetas daqui e de alhures. Cheguei mesmo a pensar: a poesia para Marcus é sua grande obsessão. Veio para Garanhuns à procura de mais fontes inspiradoras.

De Castro Alves a João Cabral de Melo Neto, Accioly sabia de tudo. Por isso, e tantas mais, se dizer que ele fora o poeta brasileiro que mais escrevera versos, portador que fora de inspirações e ambições incontidas. E em todos os gêneros: o épico, o lírico e o dramático. Fora, por assim dizer, completo.

De luto, a Academia de Letras de Pernambuco. De luto, a União Brasileira dos Escritores. De luto, Pernambuco e o Brasil, pela perda irreparável de um homem que ainda tinha tanto a oferecer às Letras, em particular à poesia. Na Academia ele sucedera a João Cabral de Melo Neto, patrono da cadeira 19 daquela Casa. Na UBE ele pontificou. Como pontificou em Pernambuco e no Brasil.

Da sua presença vamos sentir muita falta, Marcus. De seus debates, então... Acalorados. Apaixonados... Mas, você, Marcus, esteja onde estiver, fique na certeza de que seus amigos rogam por um reencontro com você, num dia desses.