Um amigo meu entra na linha. “Estou preocupado, Givaldo. O que vamos fazer? Temos que juntar a população. Irmos às ruas. Exigir a queda desse governo que não tem condições de dirigir o nosso país. Se, antes, faltava a esse governo credibilidade, hoje, falta-lhe, também, sustentação política e popular.”
Já escrevi sobre o assunto. Temo, contudo, pelo espírito pouco combativo da nação brasileira.
Foi assim no passado. E continua assim, no presente. Quer-se tudo pronto e acabado. Prontinho e acabadinho.
Isso vem desde Dom João VI. Com o seu retorno a Portugal em 1821. Nenhuma ou, quase nenhuma manifestação em contrário, apesar de, com ele, partirem muito de nossas reservas.
Isso vem desde a abdicação de Dom Pedro I, em 1831, em favor de seu filho, ainda criança. Nenhuma manifestação em contrário. Isso vem, ainda, desde o golpe a Dom Pedro II, e seu humilhante exílio na Europa. Nenhuma disposição ao contra ataque a alguns que lhe impuseram o exílio. Para ficar só nesses exemplos do Brasil Colônia e do Brasil Império.
E veja que a população adorava essas lideranças. Mas a indiferença, por parte da população, presidiu esses episódios.
Por isso escrevi “Temor e Insegurança”. E debitei essa falta de coragem da nossa gente; essa falta de presença da nossa gente... à conta de nossa passividade.
Mas a ideia de irmos às ruas é boa, disse ao amigo. E acrescentei: “Vamos propagar!”
Sem a nossa mobilização, penso difícil o expurgo dessa gente que
nos considera incapazes de entender o que fizeram com o nosso país.
O nosso dirigente, na lúcida e lapidar análise de Dora Kramer, “Se agarra a um poder esgarçado, tentando vender ilusões com pronunciamentos eivados ora de imprecisões, ora de mentiras”. No público, zomba, no mínimo, da percepção e da inteligência da nação, quando fala da sua “tranquilidade” diante de tudo que acontece quando, na verdade, no particular, vive um verdadeiro inferno astral, tramando saídas para se manter no poder a custa do sangramento da nação brasileira, cuja paciência e passividade se exaurem. Não sabe ele que é tudo de que o Brasil não precisa. Ou seja: de um presidente denunciado, com provas incontestáveis, no comando da nação.
Fernando Henrique Cardoso, em palestra recente, disse que “quando Getúlio Vargas era presidente, em um tempo em que os militares estavam muito assanhados, existia a chamada ‘República do Galeão’, formada pelo pessoal da Aeronáutica que fazia inquéritos militares. Um dia, chamaram o irmão do Getúlio, Benjamim Vargas. Pouco depois, Getúlio se matou porque descobriu que o irmão estava metido em confusões junto com o chefe de sua guarda pessoal. Era grave. Não estou dizendo que o Temer se mate, claro, prefiro outra coisa”.
O que FHC quis dizer com esse seu “prefiro outra coisa”? Simples. Que Temer renuncie. E que assuma quem a Constituição assegure. Que haja, eleição indireta como fixado na própria Constituição. E que esse nome conte com a confiança de todos e habilidade para unir a nação. E, para isso, um dos pré-requisitos é que ele seja um nome sem preconceito partidário, que possa sentar à mesa e conversar com todos os partidos. Todos! E, sobretudo, que inspire confiança à execução do calendário eleitoral. Com eleição que acontecerá, amanhã, já no próximo ano.
Simples. Muito simples! Para o bem da nação brasileira.
Para o mal, seria deixar a nação sangrando até 2018, e o ódio imperando nos corações dos brasileiros. Uns contra os outros. Para o mal, seria deixar a nação exposta à vergonha de ter um presidente andando pelo mundo, sem que este queira vê-lo, nem ouvi-lo. Para o mal, seria deixar Temer na presidência e a nação vendo o mundo correr do Brasil como o diabo foge da cruz.
O exemplo que Temer deveria dar ao país teria que parecer com o exemplo de Vargas. Ao saber que seu irmão teria participado de malfeitos... Bem! Todos sabem.
A Temer, nem a nenhum outro humano se deseja a morte. Deseja-se que renuncie. Quer-se sua renúncia. Para que o país possa se reencontrar. O que não se quer é um presidente denunciado, com tantas provas, na chefia a nação, matando de vergonha a todos nós.